terça-feira, 16 de agosto de 2016

Nas olimpíadas e nas ruas, nossa luta segue contra a opressão e a exploração capitalista!

Por Marcela Azevedo, da executiva Nacional do MML

Mesmo antes de começar, as olimpíadas no Rio de Janeiro já foram marcadas pelo caso de estupro acontecido na vila olímpica. Esse caso foi só uma demonstração do que as mulheres, e demais setores oprimidos, teriam que enfrentar para provarem seu talento e garantir respeito no evento.

A seleção feminina de futebol brasileiro bateu um bolão, mesmo assim Marta, uma das craques do time, teve que se pronunciar ao ser diversas vezes comparada ao Neymar. Da mesma forma que a ginasta norte-americana Simone Biles teve que disparar “Não sou o próximo Bolt ou Phelps, sou a primeira Simone Biles” ao ser comparada com atletas masculinos.

Ainda tiveram outros episódios bizarros como o coro chamando “bicha” durante partida de futebol, os gritos também homofóbicos de uma torcedora contra a goleira da seleção brasileira de handebol, a proibição de manifestação de uma mulher iraniana que carregava uma faixa escrita “deixem as mulheres iranianas frequentarem seus estádios” para chamar a atenção ao tratamento opressor que as mulheres recebem naquele país.

Mas se é verdade que são muitos os casos de machismo, racismo e lgbtfobia ocorridos nos jogos olímpicos, também é verdade que a reação dos setores oprimidos tem sido a altura. Rafaela silva que nos deu o primeiro ouro contra o racismo; o fato dessa olimpíada ser considerada a

mais gay da história, com 48 atletas lgbt’s; Joana Maranhão foi eliminada das piscinas, mas subiu ao pódio ao denunciar ameaças machistas e racistas que sofreu. Teve ainda o judoca egípcio que recusou a cumprimentar o atleta israelense, numa manifestação de apoio ao povo palestino.

O que se evidencia nessas olimpíadas é que ainda temos muita luta para travar contra a opressão, sobretudo quando ela é colocada a serviço da exploração e do lucro dos ricos. Porém, também está evidente que existe muita disposição para enfrentar essa batalha, seja na arena das competições esportivas, seja nas ruas, junto da classe trabalhadora, até porque é só com essa unidade que podemos ser verdadeiramente vitoriosos na derrota do machismo, do racismo, da lgbtfobia, da xenofobia e da exploração capitalista.  




sábado, 13 de agosto de 2016

16 de Agosto: Dia das mulheres irem á luta por emprego, contra a retirada de direitos e a violência!




Os trabalhadores seguem sendo os principais afetados pela crise econômica. Os ataques iniciados no governo Dilma só se aprofundam com Temer, no intuito de garantir os interesses de empresários e banqueiros.

O país já acumula 12 mil pessoas desempregadas, entre estas a maioria são mulheres. A taxa de desemprego para as trabalhadoras (de 12,7%) supera até o índice nacional que foi de 10,9% no primeiro trimestre do ano. Os jovens também amargam os maiores índices de desocupação.

Falta emprego e sobram tentativas de retirar os direitos conquistados com muita luta. A reforma da previdência, que visa igualar a idade para aposentadoria de homens e mulheres, e pretende aumentar o tempo de contribuição de todo mundo, é um deles. Também avança a terceirização, a privatização das estatais e a aprovação de projetos como a PLP 257 e a PEC 241 que sucateiam e diminuem os investimentos nos serviços públicos.

Fica evidente, pelo conteúdo das propostas, que serão as mulheres trabalhadoras as mais penalizadas por todas essas reformas, visto que já somos nós as que ocupam os postos de trabalho mais precarizados, que recebemos os menores salários e que acumulamos a dupla jornada, devido o trabalho doméstico.


Contudo, para nós os prejuízos não param por aí. Outro efeito sentido nessa conjuntura de crise é o aumento do machismo e da violência contra as mulheres. Casos como o estupro coletivo no RJ; o aumento no número de assassinato de mulheres, sobretudo as negras e transexuais; e de outras violências institucionais como PL5069/13 de Eduardo Cunha, são exemplos do aprofundamento da opressão. Recentemente, denunciamos o caso de estupro cometido pelo deputado Marco Feliciano, um dos políticos que mais tem atacado os direitos democráticos de mulheres, negros e negras e lgbt’s.

 

Por isso, nós do Movimento Mulheres em Luta, estaremos nas ruas construindo um grande Dia Nacional de Mobilização, na próxima terça-feira 16 de agosto. Junto com a CSP-Conlutas e diversas centrais sindicais, vamos denunciar os ataques desse governo e defender nossos direitos. Nesse sentido, é importante dizer que nossa manifestação não é pelo volta Dilma, já que foi ela que começou a aplicar essas medidas aprofundadas por Temer. Nossa luta é para por pra fora o Temer e todos aqueles que oprimem e exploram as mulheres. Avançar numa greve geral para derrotar o ajuste fiscal.

Fazemos um chamado aos demais movimento de mulheres do país para se somarem nesse importante dia de mobilização na defesa dos interesses das mulheres trabalhadoras.



#Em defesa do emprego e direitos!

#Contra a PLP 257 e a PEC 241!

#Não a terceirização e a privatização!

#Contra a reforma da previdência e a trabalhista!

# Basta de violência machista! Por mais investimentos nas políticas para mulheres!

#Fora Temer! Fora todos que oprime e exploram as trabalhadoras!


 


terça-feira, 9 de agosto de 2016

Basta de Cultura do estupro. Fora Feliciano! Fora todos que oprimem e exploram as mulheres!


Feliciano está sendo acusado de estupro pela jovem Patricia Lelis. A vítima apresentou gravações e mensagens do deputado que comprovam a violência psicológica, física e sexual. 


Na esperança de ter algum suporte, Patricia procurou o alto escalão do PSC, partido de Feliciano e também da vítima, porém o que encontrou foi mais ameça e represália. Desde o assessor do deputado até o presidente nacional do partido, Pastor Everaldo, buscaram impedir as denuncias e coagir a jovem. 


É importante lembrar que outros partidos e políticos já se calaram frente as atrocidades de Feliciano. Foi o que fez o PT quando permitiu a presença do deputado à frente da comissão de direitos humanos mesmo quando ele defendia a "cura gay", a inferioridade da raça negra e a opressão das mulheres. 


Também é importante dizer que como Feliciano, vários outros reacionários estão atacando nossos direitos enquanto setores oprimidos e enquanto classe. 

Cunha, Bolsonaro e Malafaia representam o mesmo projeto político de Feliciano e se valem da fé e religiosidade das pessoas para lhes garantir apoio. Temer, assim como seu governo antecessor, mantem os mesmos acordos e se alia a esses setores contra a população. 

Por isso, devemos nos mobilizar para por fim a cultura do estupro, mas também para denunciar a negligência dos governos. 


Temos que por para fora o Feliciano, mas também Temer e todos os reacionários e corruptos do congresso, construir uma grande greve geral contra a cultura do estupro, o machismo e os ataques aos nossos direitos. 


Vamos unificar mulheres e homens da classe trabalhadora nesta luta!

‪#‎Cassação‬ e cadeia para Feliciano!
‪#‎Punição‬ a todos os envolvidos!
‪#‎Basta‬ de cultura do estupro! Basta de violência contra as mulheres!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Aquilombar o MML para unificar as mulheres trabalhadoras! Fora Temer fora todos que nos oprimem e exploram

# “Mulheres Pretas têm história” - Manifesto aprovado no encerramento do 1º Seminário Nacional de Mulheres Negras do MML



Nós, mulheres trabalhadoras negras e não negras, indígenas, quilombolas, camponesas, trans, lésbicas, bissexuais, haitianas, africanas, cubanas e brasileiras estivemos presentes ao I seminário de mulheres negras do MML, com o objetivo de discutir a relação de gênero, raça e classe, resgatando a história de luta e resistência das mulheres negras.
O Seminário foi realizado nos dias 23 e 24 de julho, organizado pelo Movimento Mulheres em Luta, Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe e setoriais da CSP-Conlutas, e contou com a presença de 400 trabalhadoras que reafirmaram: “As Mulheres Pretas têm História. E fazem História”.
Não por coincidência, o seminário se realizou no mês das pretas, em que comemoramos o dia internacional latino-americano e caribenho da mulher negra e o dia da mulher africana, num momento em que há um ascenso das lutas negras em todo o mundo.
A luta classista deve necessariamente ter um recorte de gênero e raça, pois se é verdade que o machismo é um inimigo mortal das mulheres trabalhadoras, também é verdade que no caso específico das mulheres negras, o machismo aliado ao Racismo age violentamente, faz com que suas identidades sejam negadas, furtadas e violadas pelo sistema.
Lutar contra o racismo e derrotar a visão de um movimento de mulheres embranquecido são condições para unificar as trabalhadoras e construir um movimento de mulheres realmente classista e socialista.
Um ponto de acúmulo do debate foi a especificidade da mulher negra. Isso significou debater o que é ser negra: é o reconhecimento da discriminação carregada de sentido, que vai desde o corpo, a cor da pele e o afastamento de seu território de origem. As mulheres negras são as únicas que, antes mesmo de serem identificadas como mulheres, são estigmatizadas pela cor da pele, o que faz com que sejam desumanizadas. Seu corpo é transformado em objeto hipersexualizado. Identidade que lhe foi roubada pela dispersão da diáspora, pela escravidão e pelo submetimento de povos inteiros para favorecer a exploração capitalista.
No Brasil, as mulheres negras seqüestradas de seus territórios foram imediatamente submetidas à exploração do modo escravista, elas estão fortemente marcadas por centenas de anos de submissão à tortura, ao trabalho forçado, a constantes estupros, à “coisificação”, enfim, desumanização e violação de direitos humanos e sociais.
A resistência é uma marca das mulheres negras. A história demonstra que, desde o início da colonização, nós lutamos contra o sistema opressor capitalista. Nossas lutas se dão na organização de fugas, na construção de quilombos, em movimentos emancipatórios etc. À frente dos quilombos, estiveram lideranças como Aqualtune, Teresa de Quariterê, Dandara, Luisa Mahin. A raiz disso está na nossa ancestralidade Africana onde as mulheres exerciam o poder na organização social política e religiosa, eram rainhas, sacerdotisas e guerreiras.
Resgatando essa história, o Seminário reafirmou a importância de pensar a realização da identidade da mulher negra de modo coletivo em conjunto com a classe trabalhadora em contraposição às saídas capitalistas de empoderamento individual, que não têm servido aos interesses históricos e imediatos da classe trabalhadoras. Por exemplo, o presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, não impediu as inúmeras mortes racistas em Baltimore. Não basta ser negro, tem que defender a classe trabalhadora.
No Brasil há um racismo institucionalizado e não há políticas de ação afirmativa consequentes. O governo Dilma (PT), que apoiou os banqueiros, os patrões e o agronegócio contra nossas quilombolas e indígenas, não respondeu às demandas sociais das mulheres negras, que continuam na base da pirâmide social, são as principais vítimas de violência doméstica, sexual, econômica e psicológica.  E o que temos pela frente com este governo provisório de Temer é um aprofundamento ainda maior contra a classe trabalhadora negra e pobre deste país. Um dos maiores crimes contra o povo negro foi a ocupação militar no Haiti, que começou com PT e continua com Temer.
Para as mulheres negras a combinação do machismo com o racismo representa, entre outras coisas, um aumento nos índices de violência, de estupro e assassinatos, como expressou o mapa da violência contra a mulher. Enquanto os casos de violência à mulher negra aumentaram 54%, entre as mulheres brancas diminuiu 10%. Por isso afirmamos que a cultura do estupro é resquício da escravidão e manutenção da cultura da classe dominante. O Brasil também é o país com maior número de assassinatos LGBTs e, dentro dessa estatística, também estão as mulheres negras.
Apesar dos trágicos números, há uma resistência no país contra os ataques do governo e ela é fortemente negra, feminina e LGBT. As greves da educação, as ocupações de escola, as lutas quilombolas e as greves operárias, as lutas contra a lgbtfobia, contra a cultura do estupro, contra a violência policial têm sido expressão da ação dos trabalhadores em luta contra os ataques. Ao mesmo tempo, os governos respondem contra-atacando com medidas duras de ajuste fiscal e controle da classe, como por exemplo a proposta de reforma da previdência por um lado e por outro o projeto da escola sem partido, que busca calar e criminalizar profissionais da educação e estudantes, além da lei antiterror, que visa criminalizar os lutadores.
As mulheres negras trabalhadoras e de luta não cederam e não cederão à casa grande e nem aos capatazes. Por isso o seminário expressou um grande sentimento contra o volta Dilma, pois ela não representou os interesses das mulheres negras trabalhadoras. Estamos pelo “Fora Temer e Fora Todos que oprimem e exploram a classe trabalhadora”.
Defendemos a construção de uma grande greve geral, em defesa dos interesses das mulheres negras e trabalhadoras, por eleições gerais com novas regras e um amplo processo de aquilombamento das lutas e da resistência.
Esse manifesto é pequeno para o tamanho das nossas ideias e para nossos desafios. Apenas começamos.  A próxima tarefa é compilar todas as propostas que surgiram nos riquíssimos grupos de debate. Vamos enegrecer o MML fazendo um amplo debate nas suas instâncias e em cada local onde nos organizamos para estabelecer um forte programa para atuar nas lutas das mulheres trabalhadoras.
Somos mulheres pretas construindo história!






quarta-feira, 22 de junho de 2016

Mulheres Pretas tem História - seminário nacional

Nos dias 23 e 24 de Julho, realizaremos o 1º Seminário Nacional do MML sobre Mulheres Negras. Esse espaço, que terá caráter de formação, foi parte das deliberações do nosso 1º Encontro Nacional e será de grande importância para avançarmos em uma atuação de
gênero, raça e classe.

Partimos da compreensão histórica de que o sistema escravista deixou resquícios nefastos para os negros e as negras da nossa classe, até os dias de hoje. Seja na manutenção da população negra nas condições sociais mais pauperizadas e nos postos de trabalho de maior exploração e precarização. Seja na reprodução da ideologia do mito da democracia racial, que faz com que a sociedade brasileira, incluindo dirigentes sindicais e movimentos sociais, não considere as diferenças estabelecidas entre negros e não negros no cotidiano.

No caso das mulheres negras, a situação é ainda pior, pois a combinação do machismo e do racismo impõe um grau de opressão e exploração absurdo, que se reflete também na organização para lutar, separando as mulheres negras dos movimentos feministas gerais.

Entendendo que somos um movimento de mulheres trabalhadoras, é necessário que assumamos a tarefa de superar essa dicotomia e avançar na organização de um programa e uma entidade na qual as mulheres negras tenham voz e possam se sentir representadas, sem a pretensão de substituir qualquer forma organizativa própria do feminismo negro ou dos movimentos de luta pela questão racial. 

Nesse sentido, o Encontro constituirá uma espaço de formação, debate e troca de conhecimentos e experiências. Paralelamente, será também uma forma de saudar a coragem e disposição de luta demostradas pelas mulheres negras ao longo da história, liderando quilombos e terreiros; preservando os elementos africanos na cultura brasileira; sendo o sustento da família negra no período pós-abolição e até os dias de hoje, em que muitas delas criam seus filhos sozinhas.

A partir daí, farão parte do debate temas como a identidade e resistência da mulher negra, o machismo e o racismo no mundo do trabalho e no sindical, as religiões de matrizes africanas, assim como as formas culturais de resistência.

Em um momento em que as mulheres negras são vanguarda em lutas importantes da classe trabalhadora e da juventude, esse seminário ganha um destaque ainda maior, pois "Mulheres pretas têm e continuam fazendo história"!

domingo, 5 de junho de 2016

Punir o estupro, não a mulher! Seguiremos nas ruas e nas lutas com a classe trabalhadora!

Junho começou com o grito das mulheres contra a violência sexual


A última quarta-feira foi marcada por uma maré de mulheres que tomaram as ruas em diversas cidades. Em são Paulo participaram 15 mil pessoas, no Rio de Janeiro 10 mil, Belo horizonte, Porto alegre, Fortaleza, Aracaju e mais de 40 cidades também tiveram suas versões da manifestação “Por todas elas”.
O motivo? A princípio, a indignação pelo caso de estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro. Mas não só isso, fomos às ruas para denunciar a cultura do estupro que naturaliza a violência sexual e busca argumentos para responsabilizar a vítima. Também tomamos as ruas para denunciar a negligência dos governos com as políticas para as mulheres e a conivência com projetos reacionários como o estatuto do nascituro, o PL 5069/13, o estatuto da família e os planos de educação que excluem o debate sobre gênero.   
A realidade que vivemos não nos permite pensar em ficar calada. A cada 11 minutos uma de nós é vítima de estupro em algum lugar do país, a cada 5 minutos uma de nós é espancada e a cada 1 hora e meia uma de nós perde a vida por conta do machismo. Diante de números tão alarmantes as políticas implementadas para garantir a vida das mulheres foram totalmente insuficientes.
A Lei Maria da Penha, conquista do movimento de mulheres, que foi promulgada há dez anos, teve muita propaganda pelo governo do PT, mas não contou com os investimentos necessários para se efetivar. As delegacias de mulheres seguem funcionando no horário comercial e concentradas nos centros das cidades. Dos 27 centros especializados prometidos por Dilma em 2014, apenas três estão em funcionamento. Além dos sucessivos cortes no orçamento da Secretaria de políticas para mulheres, que fez com que tivéssemos apenas R$0,26 centavos por cada mulher vítima de violência.

Governo Temer e sua secretária não nos representam!

Mudou o governo, mas não mudou a negligência com o tema das mulheres. Temer assume interinamente a presidência e já deixa evidente qual será sua postura frente a luta das mulheres trabalhadoras. O fechamento da secretaria e depois a indicação de uma representante da bancada conservadora para a pasta é uma afronta a toda luta que nós estamos travando. Fátima Pelaes é contra a legalização do aborto mesmo nos casos de estupro, foi presidente da Frente Parlamentar da Família e Apoio à Vida e votou contra o projeto de lei do Chico Alencar que previa salário igual para trabalho igual nas empresas. Além de estar envolvida em casos de desvio de verbas públicas no ministério do turismo. Ou seja, enquanto milhares de mulheres estão sendo demitidas, tem seus direitos atacados como a aposentadoria e seguro-desemprego, enfrentam o aprofundamento da violência machista como reflexo da crise econômica, o governo do PMDB quer nos impor uma falsa representação.
Por isso, durante todos os atos ecoava um grito de indignação que exigia o Fora temer, que afirmava que Fatima não representa nossa luta, comemorava-se a saída de Cunha e se exigia que Bolsonaro, Malafaia e Feliciano o acompanhem.


Mulheres e homens da classe trabalhadora contra a violência machista


Diversas entidades dos trabalhadores também se posicionaram na defesa dos direitos das mulheres. A coordenação nacional da CSP-Conlutas - central sindical e popular- aprovou moção de repúdio e encaminhou para as instâncias das entidades filiadas; o seminário da campanha salarial dos trabalhadores da construção civil de Belém também fez o debate sobre o tema e se posicionou repudiando os casos de violência.  Essas são iniciativas importantes e é necessário combinar cada vez mais as lutas gerais com o combate a toda forma de opressão, isso porque são as mulheres e homens da classe trabalhadora que podem destruir as bases de sustentação do machismo que é a sociedade capitalista.



Uma segunda rodada de atos já está sendo convocada. É preciso seguir ocupando as ruas, já que a guerra esta apenas começando. É preciso exigir o arquivamento do PL5069/13 que foi aprovado na CCJ; exigir o não pagamento da dívida pública e a aplicação de 1% do PIB para as políticas de combate a violência machista; a punição imediata dos estupradores e parte de nossas tarefas também por pra fora o temer e todos os governos que oprimem e exploram as mulheres trabalhadoras!







Ato na paulista, em São paulo


Ato no Capão redondo, zona sul de São Paulo


Ato em Teresina, Piauí

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Da cultura do estupro a violência do Estado. Não nos calaremos! Basta de violência machista!


A notícia de um estupro praticado por 30 homens à uma jovem de 17 anos causou comoção em muitos usuários de redes sociais no Brasil. A menina estava alcoolizada e sob efeito de outras substâncias, ou seja, não tinha condições de reagir a tamanha violência. O sentimento esperado é de indignação e total repúdio a este ato, porém não foi a única reação que vimos repercutir.


Esses homens, não apenas violentaram sexualmente a menor, como expuseram na internet o vídeo de tal episódio e, com isso, fomos bombardeadas (Sim, digo “fomos” porque todas  as mulheres sentiram na pele a dor de cada comentário!) por argumentos dos mais diversos que pactuavam com a situação, que achavam natural o acontecido ou que buscavam justificativa para tamanha violência a partir do comportamento da vítima.



Frases como “Ela usou droga por que quis” ou “Deu bobeira, foi amassada”, ou aquelas argumentações já conhecidas de que “ela não deveria estar naquele lugar, com aquela roupa”, etc. são evidências de quanto o machismo e a violência, sobretudo a sexual, são naturalizados em nossa sociedade, o quanto a responsabilização da vítima é vista como elemento de ponderação para avaliar os casos, o quanto nossa liberdade e poder de decisão são ignorados cotidianamente. Não há nenhuma reflexão, a não ser pelas próprias mulheres, de que esses homens sabiam o que estavam fazendo, não agiram por impulso, não filmaram e divulgaram tais imagens sem saber o que estavam fazendo. Pelo contrário, estavam bastante confortáveis e embasados na ideologia do machismo, na idéia de que as mulheres são objetos sexuais e que podem ser tratadas de qualquer forma. É essa ideologia que faz com que a mãe de um deles afirme que “o filho errou, mas quem o conhece sabe que ele não é assim”, que faz com a imprensa utilize o termo “jovem que supostamente sofreu estupro coletivo” e dê bastante ênfase ao fato dela ser usuária de drogas há cerca de 3 anos.


É preciso dizer as coisas como elas são. Não foi um erro o que aconteceu, foi um crime! Não foi um ato isolado, certamente esses homens já cometeram outros atos de violência contra as mulheres que, podem não ter sido tão bárbaros, mas que com certeza deixaram marcas. Como pode ser um suposto estupro se tem o vídeo postado pelos próprios agressores se vangloriando do feito? Qual a relevância da informação de que ela é usuária de drogas? Por acaso isso diminui a responsabilidade dos estupradores? Não.


Toda essa naturalização e a busca de justificativas fazem com que milhares de mulheres sejam violentadas, todos os dias, no país e no mundo. Quando saem para o trabalho, quando voltam da escola ou quando ficam sozinhas em casa são alvo de agressões e de culpabilização. Somente em São Paulo, a maior cidade do país, a cada 1 hora uma mulher é vítima de estupro. Em pesquisa realizada pelo sindicato de metroviários de São Paulo com usuárias do transporte coletivo, mais de 80% das mulheres relataram já terem sido assediadas nos vagões e estações. Já vimos casos de mulheres que ao irem à delegacia denunciar um caso de abuso, foram vítimas novamente, por parte daqueles que deveriam protegê-las.


Por isso, é muito importante localizar que a responsabilidade por casos como esse, não são apenas daqueles que o cometeram diretamente. A falta de investimento público nas políticas para as mulheres cobram seu preço. Infelizmente no governo da primeira mulher presidente no país tivemos míseros 0,26 centavos investidos por cada vítima da violência machista. Além disso, nossas pautas sofreram também com os acordões entre os governos e a bancada conservadora, como o que impediu a ida dos kit’s anti- homofobia para as escolas em 2011, ou o que fez o governo do PT se calar frente ao PL 5069/13 do Eduardo Cunha e, mais recentemente, a retirada da discussão de gênero do Plano Nacional de Educação que teve reflexo nos planos estaduais e municipais.


Sabemos que o descaso com a pauta das mulheres segue no atual governo Temer/PMDB e que a oposição do PSDB tão pouco tem compromisso com nossos interesses. Por isso, para arrancarmos qualquer conquista é necessário seguirmos intensificando a nossa luta, junto com a classe trabalhadora, derrotando todos os ataques dos governos e da bancada conservadora; impondo a discussão sobre o machismo e todas as formas de opressão nos diversos espaços como brilhantemente têm feito os secundaristas nas ocupações de escola e os trabalhadores em suas greves e mobilizações; realizando manifestações e fazendo repercutir casos como esse estupro coletivo, que passaria isento pela imprensa burguesa.


Muitas de nós já tombaram nas fábricas, nas escolas, nos transportes coletivos, nas ruas escuras. Não deixaremos que sejam esquecidas!É preciso transformar toda nossa indignação em força para lutar, é necessário seguirmos firmes na tarefa de destruir essa sociedade capitalista que reproduz e incentiva o machismo e toda forma de opressão para garantir seus lucros.  


Nenhuma mulher a menos! Nenhuma de nós merece ser estuprada! Não aceitaremos mais nenhuma mulher vitima da violência machista!Punição aos estupradores! 1% do PIB para as políticas de combate a violência contra a mulher! Basta desses governos que oprimem e exploram as mulheres trabalhadoras!


Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Chega da violência contra as mulheres!

Chega da violência contra as mulheres!