Confira o material abaixo
No dia 25 de julho de 1992, um Encontro de mulheres latino
americanas e caribenhas, que se reuniu para articular a luta pelos direitos das
mulheres negras, definiu que este dia passaria a ser um dia oficial de lutas
das mulheres negras, que passou a ser reconhecido pelos movimentos sociais e
também pela ONU.
Celebrar este
dia, deve significar a reflexão dos motivos pelo qual as mulheres negras
precisam seguir lutando. Celebrar este dia deve significar levantar a cabeça
contra os piores salários, os postos de trabalho mais precarizados, o maior
índice de violência, a diferença salarial gritante em relação aos homens
brancos, negros e mulheres brancas.
Nós, mulheres negras, amargamos as consequencias de uma
realidade em que o mito da democracia racial mascara nosso sofrimento e o falso
ambiente democrático entre homens e mulheres também. Todo esse ideário é
construído para que sejamos mais exploradas pelo capitalismo. É por essa natureza de nossa opressão, que acreditamos ser
fundamental celebrar este dia na perspectiva de raça e classe e de gênero e
classe.
Somos
as maiores vítimas da violência!
A violência doméstica ainda é
um crime silencioso, sustentado pelo medo, submissão e desamparo das vítimas,
que deixa sequelas e desmoraliza as mulheres, fragilizadas e expostas pela
violência no cotidiano da classe trabalhadora, oprimida e explorada. A mulher
negra nem sempre está livre para dispor da proteção penal do Estado, pois
culturalmente deve sofrer calada. A Lei Maria da Penha ainda não viabiliza de
fato segurança e suporte a mulher que sofre violência. A política do governo
federal, mesmo na figura de uma mulher, a Presidente Dilma, não garante o
orçamento para a lei, deixando as mulheres trabalhadoras à deriva, sem um
número suficiente de delegacias da mulher, sem casas abrigo, sem estrutura de
apoio de uma equipe multidisciplinar que atenda tanto a mulher vitimada como
aos filhos.
Basta de exploração sexual!
A exploração sexual
é um mercado muito explorado, porque é muito rentável. Estima-se que o lucro
que as redes criminosas ganham com o transporte ilegal de pessoas chegue a 13
mil dólares por ano, podendo chegar a 30 mil dólares no tráfico internacional (OIT,
2006).
O perfil das
pessoas traficadas é: mulheres, jovens de 15 a 25 anos, negras e com histórico
de violência doméstica e sexual.
Os resquícios
ideológicos da escravidão ainda são muito fortes no Brasil. As escravas eram
identificadas como mulheres de “sexo livre”, que poderiam proporcionar o prazer
que o “corpo santo” da mulher branca não permitia. São inúmeras as histórias de
sexo forçado pelos Senhores, Coronéis, fazendeiros sobre as escravas. Esse
ideário hoje identifica na mulher negra brasileira a possibilidade de prazer
fácil, pago e disponível. Com a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o crescimento do
turismo internacional no país faz crescer a presença da “mulata brasileira” nos
pacotes turísticos e da exploração sexual. Nós mulheres negras dizemos NÃO!
Salário Igual para trabalho Igual!
Nós mulheres negras
recebemos menos do que os homens brancos e negros e também do que as mulheres
brancas. Em relação aos homens brancos, nosso salário chega a ser 30% menor.
Essa realidade
existe porque estamos nos postos de trabalho mais precarizados. Do
assalariamento total de todas as mulheres negras, apenas 56% são com carteira
assinada, a menor proporção encontrada na comparação com homens e mulheres não
negros, assim como homens negros. Nas principais capitais brasileiras, as
mulheres negras são maioria dentre os que ocupam os postos de trabalho
vulneráveis, ou seja, aqueles sem carteira assinada.
A luta pela
equiparação salarial é fundamental para nossas vidas. No dia 8 de março deste
ano, a presidenta Dilma vetou um projeto de lei que punia as empresas que
pagassem menos para mulheres que realizassem mesma função que homens. É
lamentável isso acontecer no dia de luta das mulheres pela mão da 1ª presidenta
mulher do Brasil.
Por isso, nós
mulheres negras, dizemos Basta! E chamamos as organizações da classe
trabalhadora para avançarem no debate e na luta em favor das mulheres negras
trabalhadoras que sofrem a combinação da exploração capitalista e da opressão
racial e machista.
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