Coordenação estadual eleita no Encontro |
No último dia 4 de maio de 2013 (sábado) o movimento feminista baiano deu um passo decisivo na organização autônoma, independente e classista das mulheres trabalhadoras: ocorreu em Salvador a Plenária de Lançamento do Movimento Mulheres em Luta (MML) na Bahia. Organizada pela CSP-Conlutas/BA, a atividade foi bastante vitoriosa e contou com mulheres lutadoras de diversas categorias e regiões do estado, lotando a sala da Faculdade de Administração da UFBA. Com mais de 50 participantes, estiveram presentes mulheres das categorias petroleira, docente (rede estadual, municipal de Camaçari, universidades federal e estaduais, IFBA), judiciária, jornalista, serviço público federal, bancária, profissionais da saúde e juventude universitária.
A Plenária aconteceu em meio ao aumento dos casos de agressões contra mulheres na Bahia, e da omissão do governo baiano quanto à prevenção dos casos e punição aos agressores. A média estadual de casos (6,1 a cada 100 mil mulheres) encontra-se bem acima da média nacional (4,6). Até março, 264 mulheres baianas foram mortas, colocando a Bahia em 5º lugar no ranking da violência no Brasil em 2012. Em Salvador, a situação ainda é pior, com a média de 8,3, muito superior à média das demais capitais (5,4). Os dados são do Mapa da Violência 2012, Caderno Complementar - Homicídos de Mulheres no Brasil (Instituto Sangari).
A Plenária contou com discussões sobre o programa do MML, as especificidades da realidade da mulher baiana e a necessidade de fundar um movimento de mulheres classista e independente do governo e de patrões. Na mesa de abertura estavam Thaís Stegle, representante do MML nacional; Érica Mascarenhas, mulher negra e ativista da categoria petroleira; e Carol Sales, representante do Coletivo Tambores da UFBA.
Thaís abriu a mesa abordando o tema da opressão, o programa nacional do MML e o significado das políticas de mulheres do governo Dilma, apontando as contradições de um governo dirigido por uma mulher, mas que ao mesmo tempo dita políticas que pouco beneficiam as mulheres trabalhadoras, favorecendo o empresariado. Érica trouxe a realidade da mulher na Bahia, a vida das mulheres negras, operárias e chefes de família, argumentando que as políticas dos governos petistas não mudaram profundamente a dura realidade dessas mulheres, além da necessidade da classe quanto à organização classista. Carol falou sobre as dificuldades das mulheres na universidade, em especial das estudantes negras, que sofrem, assim como as trabalhadoras, com a jornada do trabalho doméstico e com o machismo dentro da academia. Por sua vez, os Grupos Temáticos (GTs) abarcaram os temas de luta por direitos trabalhistas, aborto, racismo, opressão, violência e a luta contra o ACE.
Ao final dos GTs, as mulheres debateram o resumo das discussões em grupo, com abertura para falas das participantes e encaminhamentos. Um ponto importante desse espaço foi a formação de uma Coordenação Estadual do MML-BA, responsável por ajudar no acompanhamento da implantação do Movimento no nosso estado e levar as suas pautas para os fóruns da CSP-Conlutas. Dentre os encaminhamentos, destacam-se:
- reunião ampliada do MML, dia 15 de junho (local e horário a confirmar);
- criação de um boletim regular;
- lançamento público do MML-BA no Grito dos Excluídos (Cortejo de 2 de Julho), construção de uma coluna no ato 2 de julho (independência da Bahia) com formação de coluna e distribuição de panfletos do Movimento;
- participação no Encontro Nacional do MML (outubro deste ano).
A realização da Plenária com a força demonstrada na atividade é o reconhecimento de que as mulheres baianas estão dispostas a lutar, e que não se calam diante dos ataques que sofrem; e que sim, é possível organizar as mulheres trabalhadoras e fazer luta feminista com classismo, de maneira independente dos patrões e dos governos. As mulheres baianas estão de parabéns por mais essa conquista!
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