terça-feira, 26 de novembro de 2013

Atos em Natal protestam contra a Violência à Mulher


Nesta segunda-feira (25), Natal presenciou dois atos Dia Internacional ao Combate à Violência contra a Mulher. O primeiro, convocado pelo Movimento Mulheres em Luta (MML), iniciou ao meio-dia, em frente à prefeitura, com cartazes, faixas e palavras de ordem. O ato reuniu ainda diversas servidoras da saúde municipal, que haviam acabado de realizar a sua assembleia. Muitas estavam com o rosto e os braços maquiados, simulando hematomas e cortes, para denunciar a violência machista.

Uma comissão de cinco pessoas entrou para entregar um documento do MML, exigindo a construção de mais casas-abrigo e investimentos em políticas de combate à violência machista e solicitando uma audiência com o prefeito Carlos Eduardo Alves.

A carta ao prefeito denunciou o aumento do número de assassinatos de mulheres no Rio Grande do Norte e em Natal: “de janeiro até setembro de 2013, nosso estado já havia registrado 38 casos de homicídios provenientes de violência contra a mulher – superando o ano de 2012, que contou com 27 homicídios e 2011 com 12 homicídios”.

Do lado de fora, Géssica Regis, representante da ANEL, denunciou que a violência machista no Brasil mata 15 mulheres por dia. Na última década, mais de 45 mil mulheres foram mortas, uma em cada cinco brasileiras já sofreu violência doméstica e em mais de 80% dos casos, os agressores foram seus próprios parceiros. A violência machista é ainda maior contra mulheres negras. O ato contou com a presença de inúmeras entidades, como o Sindsaúde, Sindicato dos Bancários e Anel e a presença da vereadora Amanda Gurgel (PSTU).

Rosália Fernandes, diretora do Sindsaúde-RN e da Executiva do MML, falou das políticas de proteção à mulher criticando a insuficiência dos Centro de Referência da Mulher Cidadã no RN, o único em Natal, além de duas casas-abrigo. Disse também que, embora Dilma seja mulher, o governo não investe o suficiente em políticas de prevenção. Lembrou que, apesar da lei Maria da Penha, a falta de investimentos fez com que a violência contra a mulher tenha aumentado. 

O ato contou com depoimentos de violência. Uma das servidoras da saúde de Natal contou que foi uma vítima. Ela disse que teve um filho que foi fruto de um estupro e se sentiu obrigada a entregar a criança à adoção já que não conseguiria olhar e se lembrar de tudo o que tinha sofrido. Em seguida, diversas oradoras denunciaram o Estatuto do Nascituro, que obriga as mulheres vítimas de estupro a terem seus filhos, e reconhece os agressores como pais.

Às 14h, um outro ato ocorreu em frente à Delegacia da Mulher, convocado pela Frente Feminista de Natal, formada por organizações como o MML, Levante Popular da Juventude, Coletivo Leila Diniz e o Juntas. Lá uma comissão de 10 pessoas conversou com a delegada Karen Lopes, que falou da dificuldade de se trabalhar quando se falta quase tudo, inclusive papel. A comissão e a delegada aceitaram estreitar as relações a partir de agora. 

Logo após, as manifestantes saíram em passeata pela Ribeira, até a Prefeitura e encerraram com um ato no calçadão da Rua João Pessoa. No local, realizaram uma performance com uma mulher encenando um caso de estupro, com tinta vermelha pelo chão. Os manifestantes terminaram a série de atos com uma ciranda cantando pelo fim da violência contra a mulher.

O Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, dia 25 de novembro, foi criado em 1991. A data foi escolhida em um congresso feminista, e homenageia as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana. 

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