domingo, 16 de agosto de 2015

Em defesa dos empregos e da dignidade



Por Marcela Azevedo, da Executiva Nacional do MML

Indignação, decepção e uma sensação de total injustiça. Ao chegar no portão 04 da GM, em São José dos Campos,na madrugada do dia 14/08, esse era o sentimento estampado no rosto dos trabalhadores. Ao raiar o sol, começamos a ver as crianças saindo dos carros, passaram a noite ali para que os pais e mães de família pudessem manter o acampamento da greve.

Na véspera do dia dos pais, cerca de 600 funcionários receberam um telegrama da GM, informando as demissões. Muitos tiveram que esconder a noticia até a segunda-feira para não acabar com o fim de semana de comemoração da família, mas intimamente se perguntavam como iam conseguir sustentar os filhos, por que tal postura tão cruel por parte da empresa?

A General Motors, assim como outras montadoras, recebeu mais de R$11 Bilhões em isenções do IPI (Imposto sobre produtos industrializados) nos últimos anos e seguem sendo beneficiadas pela desoneração da folha de pagamento. A montadora ocupa a segunda posição no ranking de vendas no Brasil e lucrou  mais de um milhão de dólares no segundo semestre deste ano. Esse lucro é 302% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Mesmo diante de tantos privilégios, a GM não foi capaz de manter o emprego dos trabalhadores. Optaram por enviar R$ 27 bilhões em lucros ao exterior, enquanto demitiram 7,6 mil trabalhadores apenas este ano.

Iludir os trabalhadores para superexplorar

Foi humilhante. Eu me senti um nada. A gente deixa de fazer muita coisa, de acompanhar nossos filhos para se dedicar a empresa”. L.M.P, 11 anos de empresa

Minha P.A.D (avaliação anual) foi quase 100%  e, de repente, vai embora. Diz sim pra tudo e recebe esse retorno. Um dia antes de acontecer, meu filho estava doente e mesmo assim eu vim trabalhar”. E.D, 11 anos de empresa.

Acho um absurdo a postura da empresa. Ela tem tudo na mão, isenção de imposto por anos e joga para os trabalhadores a culpa da crise”. M.G, 12 anos e 5 meses de empresa.

Eu e meu marido estamos desempregados agora. Temos um filho pequeno e nenhuma perspectiva”. V.V, 14 anos de empresa.

Esses são os relatos de algumas operárias demitidas da GM. Em suas palavras fica evidente o jogo ideológico e a pressão que faz a empresa sobre os trabalhadores. Em tempos de alta produtividade, são constantemente avaliados, são levados a acreditar que se forem pontuais, não apresentarem atestados médicos, darem o sangue pela empresa, serão recompensados com a oportunidade de crescer na vida profissional. Mas, ao primeiro sinal da dita “crise” todos esses esforços são esquecidos e as diminuições dos postos de trabalho são feitos sem qualquer remorso ou explicação.

Para as mulheres, essa ideologia é ainda mais intensa. A burguesia se aproveita do machismo que já coloca as mulheres numa condição de submissão e obediência para intensificar sobre elas a pressão para que se preocupem em dar lucro para a empresa. Elas deixam seu tempo, sua paciência e energia nas máquinas, sobrando para a vida fora da fábrica somente o cansaço, o estresse e o adoecimento.

As demissões são um problema social!

Desde o início da greve dos trabalhadores da GM, se somaram as manifestações diversas esposas e filhos dos operários. Não é difícil entender o porquê. A falta de perspectiva e as dificuldades que se apresentarão a toda a família serão gigantescas. A notícia pegou todo mundo de surpresa e causou grande desespero.

Foi inesperado. A GM não deu nenhum sinal. Meu marido sempre deu o sangue pela empresa. Eu também estou desempregada, com um filho de 1 ano e 1 mês. Com a demissão perdemos o salário e também plano de saúde, tudo”. Aline Thomaz, esposa de um demitido.

Foi bastante triste pela forma que foi, tivemos um choque. A GM desrespeitou muito os trabalhadores”. Flávia santos, esposa de um demitido.

Assim como as famílias, toda a população de São José dos campos está bastante comovida. Ao longo de toda a caminhada feita na sexta-feira, que atravessou a Marginal Dutra, foram muitas manifestações de apoio e solidariedade aos demitidos. Toda a sociedade compartilha das mesmas incertezas e indignação com a falta de vergonha na cara dos governos e patrões.  

Todo apoio a greve dos trabalhadores da GM até a readmissão!


Não é possível aceitar essa situação. É necessário exigir do Governo Dilma uma medida provisória que garanta a estabilidade no emprego e proíba as demissões. Precisamos derrotar a política da burguesia e dos governos de retirar direitos trabalhistas e nos fazer pagar a conta da crise.








Exigimos:

- Anulação das demissões;
- Estabilidade no emprego;
- Redução da jornada de trabalho sem redução de salários.







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