por Samantha Guedes, do MML Rio de Janeiro
Sob a decisão do Supremo Tribunal Federal, no dia 21/02/2017, foi concedido um habeas corpus ao mandante do assassinato de Eliza Samúdio e sequestro de seu filho, o ex-goleiro Bruno. Durante a noite do dia 24/02 o goleiro deixou a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), em Santa Luzia (MG) e durante uma entrevista afirma: "Eu queria deixar bem claro, se eu ficasse lá, tivesse prisão perpétua, por exemplo, no Brasil... não ia trazer a vítima (Eliza Samúdio) de volta”. A decisão do STF e a declaração de Bruno expressam a banalização, a naturalização do nível de crueldade e o descaso com a vida das mulheres.
Sob a decisão do Supremo Tribunal Federal, no dia 21/02/2017, foi concedido um habeas corpus ao mandante do assassinato de Eliza Samúdio e sequestro de seu filho, o ex-goleiro Bruno. Durante a noite do dia 24/02 o goleiro deixou a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), em Santa Luzia (MG) e durante uma entrevista afirma: "Eu queria deixar bem claro, se eu ficasse lá, tivesse prisão perpétua, por exemplo, no Brasil... não ia trazer a vítima (Eliza Samúdio) de volta”. A decisão do STF e a declaração de Bruno expressam a banalização, a naturalização do nível de crueldade e o descaso com a vida das mulheres.
Medidas como essa, tem
reflexo no dia a dia das mulheres, com o aumento dos casos de agressões, estupros
e assassinatos, o Mapa da Violência/ 2016 apontou que 13 mulheres são
assassinadas todos os dias tornando o Brasil o quinto colocado no ranking
mundial. Para as mulheres negras o aumento foi de 54%em número de vítimas.
É importante ressaltar
que o ex-goleiro foi condenado por homicídio, ocultação, sequestro e cárcere
privado tendo a pena agravada por ser o mandante do crime. O feminicídio é uma
expressão maior de ódio contra as mulheres, e está caracterizado não somente
pela morte, mas pelo sentimento de posse e vulnerabilidade. Esse tipo de crime
foi tipificado como hediondo, em Março de 2015, mas a postura da justiça tem
sido a de transformar essa conquista das mulheres em letra morta.
Recentemente, um
indulto aprovado por Temer no final de Dezembro, foi usado como instrumento
para livrar da pena por exploração sexual de menores, o ex-prefeito de Coari/AM,
Adail Pinheiro. Neste decreto, o crime de exploração sexual de meninas entre 9
e 15 anos não é considerado violento. Vale ressaltar que Adail ainda está sendo
julgado da acusação de estupro.
É inadmissível tamanha
impunidade contra os crimes que vitimam as mulheres. Declarações como a de
Bruno na qual se afirma que não adianta julgar ou prender porque nada será
mudado e a vítima não retornará, só reforça a prática de culpabilização e
responsabilização da própria vítima, pelo crime por ela sofrido ao mesmo tempo
em que fortalece o sentimento de impunidade por parte dos agressores.
Se por um lado, a
justiça tem jogado contra a vida das mulheres, por outro os governos também não
tem sido aliados. A Lei Maria da Penha, que poderia ser um suporte para as
vítimas, teve corte em seu orçamento ao longo dos 10 anos de sua existência. No
governo Dilma, a primeira mulher presidente do país, o investimento nas
políticas de combate a violência machista foi de 0,26 centavos por cada vítima,
sendo o ministério de política para mulher extinto como uma de suas ultimas
medidas.
Frente a tantos adversários,
nós acreditamos que o único caminho para barrar essas injustiças e exigir
medidas reais de proteção a vida das mulheres é a luta independente de governos
e patrões. Vamos colocar nosso time nas ruas e deixar bem evidenciado que não
aceitaremos mais essa violência. Enquanto Eliza Samudio sequer teve um enterro
decente, o Bruno já teve o convite de 09 clubes para retomar sua carreira de
goleiro.
Nós, do Movimento
Mulheres em Luta, repudiamos a medida do ministro marco Aurélio Mello responsável
pela libertação de Bruno, assim como repudiamos toda a justiça burguesa que
parte sempre da responsabilização da mulher frente às violências que sofrem.
Também achamos um desrespeito e provocação essa declaração de Bruno que só
reafirma a necessidade de punição exemplar aos assassinos de mulheres.
Não daremos sossego e fazemos um chamado a todas as
mulheres que torcem para os times que se propuseram a contratá-lo, assim como
as torcedoras de todos os times brasileiros a se manifestarem contra essa bola
fora na luta de combate a violência machista.
Basta
de feminicídio e naturalização da violência!
Cartão vermelho para a justiça brasileira!
Contratar Bruno é jogar contra as mulheres!
Punição
a todos os agressores e assassinos de mulheres
1% do PIB para as políticas de combate a
violência contra as mulheres!
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