quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Que em 2020 todos tenham a coragem de lutar como uma mulher trabalhadora!


O ano de 2019 foi de muitos enfrentamentos para a classe trabalhadora, na defesa de seus direitos. Para alguns setores: mulheres, negro, lgbts e imigrantes a luta foi na defesa da própria vida.  Não por acaso esses setores da classe estiveram à frente de muitas mobilizações.

O desmantelamento da previdência, o aprofundamento da reforma trabalhista, a destruição dos serviços públicos e o avanço das privatizações foram algumas das medidas do governo Bolsonaro e seus ministros. Com o apoio da câmara dos deputados e do senado, o governo conseguiu retirar uma série de direitos históricos, conquistados por esforço e luta dos trabalhadores brasileiros. Todas essas mudanças afetam diretamente e com maior intensidade as mulheres trabalhadoras, visto que nossa condição no mercado de trabalho e no contexto social já é de desigualdade. Somos a maioria entre os desempregados, nossos salários são os menores e já trabalhamos com menos direitos trabalhistas, como no setor terceirizado, por exemplo.

A segurança e a vida das mulheres também estiveram sob maior ameaça em 2019. Em todos os estados aumentaram os casos de feminicídios, agressões e estupros. Esses números são resultado de uma combinação nefasta: o discurso de ódio contra as mulheres e os setores oprimidos, disferido por Bolsonaro e reforçado pela ministra da mulher, da família e direitos humanos – Damares Alves; e a completa falta de investimento em políticas públicas de combate a violência machista.

Ao longo do primeiro ano de mandato, nada foi investido na manutenção da rede de proteção as mulheres vítimas de violência e, mesmo tendo aprovado algumas mudanças consideradas avanço na Lei Maria da Penha, na prática o governo manteve tudo como já estava, ou seja, a Lei Maria da Penha continuou sendo realidade apenas no papel, deixando milhares de mulheres expostas a todo tipo de violência. 

Vale dizer que a ministra Damares é conivente com essa política. Ao mesmo tempo em que faz várias declarações que reforçam o machismo e criticam as mulheres que lutam por igualdade de direitos democráticos, em relação aos homens, se cala frente a falta de recursos e políticas que preservem a vida das mulheres trabalhadoras. Por isso, reforçamos que não basta ser mulher para nos representar, é preciso ter os mesmos interesses de classe e estar ao nosso lado no enfrentamento de todo machismo e exploração.

Contudo, se engana quem pensa que essa barbárie deixou as mulheres com medo de lutar. Pelo contrário, construímos um forte 08 de Março, em todo o país, para denunciar a violência machista e dizer não a reforma da previdência, estivemos presente em todos os dias de mobilização nacional e na greve geral de 14 de Junho, seguimos nos mobilizando mesmo quando as grandes centrais sindicais do país se calaram e negociaram nossos direitos com o governo nacional e os governos estaduais. As mulheres indígenas, quilombolas, camponesas e de luta por moradia enfrentaram toda a truculência da polícia e dos jagunços de latifundiários; as mulheres negras e pobres transformaram o luto pela perda de seus filhos em luta; e da América latina vieram exemplos fundamentais de qual caminho trilhar no próximo período.  

Em 2020 seguiremos com a mesma disposição de luta e nos apoiaremos na força das mulheres chilenas, que enfrentam a repressão e o estupro como arma de guerra para seguir o processo revolucionário em seu país; na coragem das mulheres libanesas que se enfrentam com uma cultura extremamente opressora para fazer parte das lutas de seu povo; das mulheres francesas que, junto com os homens da sua classe, constroem uma greve histórica contra a reforma da previdência e outros ataques. 
O que desejamos para 2020 é que todos tenham a coragem de lutar como uma mulher trabalhadora!




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