terça-feira, 4 de setembro de 2012

"Faça-se feminista, livrai-nos de Putin!"


“Virgem Maria, faça-se feminista, Virgem Maria, livrai-nos do Putin!!!”

Com esses versos as meninas da banda feminista russa Pussy Riot foram condenadas a dois anos de prisão. A justificativa foi “ódio religioso”. As jovens feministas ecoavam o grito de liberdade que está dentro de muitas mulheres que questionam o papel social historicamente imposto sobre as mulheres. Essas regras estão ditadas também por diversas religiões, por isso a alusão a “Virgem Maria” na música.

No entanto, questionamos se haveria alguma condenação se os versos se restringissem a dirigir-se a Virgem Maria. Além da crítica aos padrões de comportamento impostos sobre as mulheres, há um repúdio escancarado a Vladimir Putin, presidente da Rússia.

Ao acompanharmos o processo político que vive a Rússia sob o governo de Putin, teremos claro que essa atitude foi mais uma de suas medidas autoritárias, que ataca o direito de expressão e, portanto, o direito de protestar contra seu próprio governo.

Além de condenar a banda feminista, Putin também é partidário de ideias homofóbicas, concretizadas na proibição da realização de paradas gays, ou de protestos de homossexuais no país, reproduzindo e relembrando episódios lamentáveis e condenáveis da história da humanidade, como o ódio propagado por Hitler aos homossexuais.

O fervor autoritário das ideias e medidas de Putin é reforçado pelo conservadorismo machista e homofóbico do presidente que está em seu terceiro mandato, tendo exercido também o cargo de 1º ministro. As últimas eleições são extremamente questionáveis quanto a sua lisura, o que gerou fortes protestos nas ruas de Moscou.

Esse projeto político de controle das ações políticas dos movimentos organizados e espontâneos que ocorrem no país está a serviço de entregar toda a economia do país para as grandes multinacionais, acabar de vez com sua soberania e massacrar a vida dos trabalhadores que sofrem com péssimas condições de trabalho, os distanciando drasticamente das conquistas que a revolução socialista de 1917 garantiu.

É visível em todos os protestos russos o justo receio de retornar à ditadura que assolou o país na era stalinista, que foi responsável pela restauração capitalista no país, proporcionando retrocessos sobre as conquistas políticas, sociais, culturais e humanas da revolução. De um país socialista com uma das Constituições mais igualitárias no que dizia respeito aos direitos das mulheres, a Rússia se tornou um país capitalista que hoje prende mulheres que se expressam contra o machismo e o autoritarismo.

Os agentes históricos desse processo foram a burocracia stalinista que preteriu os direitos dos trabalhadores em favor de seus privilégios e de uma coexistência pacífica com o imperialismo norte americano, destruindo uma das maiores conquistas de mulheres e homens da classe trabalhadora em todo o mundo, que foi o estado operário soviético.

Hoje, Putin registra na Rússia sua carga de responsabilidade com o rumo político do país, perseguindo, prendendo e torturando ativistas como o jogador de xadrez Gary Kasparov que foi espancado pela polícia russa quando foi pego em uma manifestação protestando contra o governo.

Pela evolução dos acontecimentos, Putin parece se inspirar na ditadura Síria, a quem o presidente russo declara apoio total e aberto, mesmo diante do massacre sangrento que vem realizando sobre os manifestantes que consolidam cada vez mais o enfrentamento civil armado.

Os movimentos sociais de todo o mundo precisam manifestar-se em apoio às meninas da Pussy Riot, e também em repúdio às medidas repressivas e autoritárias do governo de Vladimir Putin.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sind-Rede/BH e MML realizam atividade com mães e professoras da Educação Infantil


Em BH e diversas outras capitais do País, 25 de agosto, Dia Nacional da Educação Infantil não foi uma data para festas, mas para lutar e reivindicar direitos. Na capital mineira, o Sind-Rede/BH (sindicato que representa as professoras da Educação Infantil) e o Movimento Mulheres em Luta realizaram uma atividade no Parque Municipal da cidade, com o objetivo de reunir professoras da Educação Infantil, mães e pais, estudantes e ativistas. E conseguiram: brincadeiras, pula-pula, piscina de bolinhas, tudo para a meninada se divertir... enquanto isso, as mulheres se informavam e debatiam os diversos aspectos da luta por Educação Infantil pública e gratuita para todas as crianças. 

Participaram centenas de pessoas, entre educadoras, mães e crianças que passeavam pelo parque. Houve UMEIs (Unidades Municipais de Educação Infantil) que levaram os alunos e pessoas da comunidade. Estudantes e pesquisadores da UFMG e de faculdades privadas também estiveram presentes, além do Fórum Mineiro de Educação Infantil, CSP-Conlutas e Sindeess/BH, organizações que também ajudaram a convocar o evento.

“Foi um dia muito importante para as educadoras e a comunidade, pois a pauta da Educação Infantil pública, de qualidade e para todos interessa a toda a população, é uma luta comum, e estamos conseguindo dar os primeiros passos para isso e para que a população entenda e apoie a luta das professoras por melhores salários, que é a mesma luta deles por acesso e qualidade”, afirmou Mônica Mainarte, membro do Sind-Rede/BH e da Executiva do MML em Minas. 

Em BH, como em outras cidades do País, faltam vagas para 83% das crianças de 0 a 6 anos na cidade. A Prefeitura inaugura UMEIs a passos lentos e, ainda por cima, está ampliando por meio de Parcerias-Público Privadas (ou seja, os serviços das escolas serão administrados por empresas privadas). Outro problema é que o atendimento nas turmas a partir de 3 anos é apenas em meio período, o que não atende às mães/pais que trabalham o dia inteiro e tem gerado, na verdade, esvaziamento de turmas. “Meu filho passará a ser meio período no ano que vem, e muitas mães e pais estão desesperados pois não terão como trazê-los e também com quem deixar a criança no outro período”, informou Lívia Furtado, que possui filho matriculado em UMEI e também é membro da Executiva Estadual do MML.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

MML participa do II Encontro de Mulheres da CCT do Paraguai

Programação do II Encontro de Mulheres da CCT
O Movimento Mulheres em Luta e a CSP Conlutas participam, neste sábado do II Encontro de Mulheres da Confederação da Classe Trabalhadora (CCT) do Paraguai. O objetivo do Encontro é discutir a conjuntura política do país, a situação da mulher trabalhadora, a organização da luta das mulheres e fortalecer a CCT.

Hoje, as mulheres são 42% da força de trabalho em toda a América Latina. Esse crescimento da presença feminina foi acompanhado pela precarização cada vez maior dos postos de trabalho, restando para as mulheres os piores salários e pouquíssimos direitos trabalhistas.

Dessa forma, é muito importante que as organizações sindicais, como a CCT paraguaia e a CSP Conlutas brasileira avancem na organização das mulheres trabalhadoras, pois além de ter uma presença numérica importante na classe trabalhadora, são um dos setores mais explorados.

A participação do MML e da CSP Conlutas também reforça o internacionalismo operário, pilar fundamental da luta da classe trabalhadora em todo o mundo. As lutas de cada país tem como motivo fundamental as consequências do sistema capitalista sobre a nossa classe, dessa forma, unir as organizações e os ativistas fortalecem o enfrentamento cotidiano que precisamos fazer.

Nesse sentido, vamos para o Encontro de mulheres contribuir e aportar com os debates e a preparação das lutas. Um registro importante que vamos fazer é o informe sobre as iniciativas que realizamos no Brasil contra o golpe de Estado de Franco sobre o governo de Lugo. Vamos demonstrar que além de denunciarmos esse golpe, fizemos exigências para que o governo brasileiro não reconhecesse esse governo golpista da direita reacionária do Paraguai.

Também deixaremos registrado que a CSP Conlutas e o MML tampouco manifestaram apoio ao governo de Lugo, cuja política de conciliação de classes atacou os trabalhadores e criou um terreno político favorável para o golpe.

Também falaremos sobre as iniciativas relacionadas ao Encontro Internacional que será realizado em Março ou Abril de 2013, do qual a CSP Conlutas é uma das entidades convocantes.

Confira abaixo o texto do panfleto que levaremos para lá!
(em espanhol)

La lucha de las mujeres trabajadoras es internacional!

Saludos al II Encuentro de las Mujeres de la Confederación de la Clase Obrera de Paraguay - CCT
El Movimiento Mujeres em Lucha tiene mucha satisfacción de participar del II Encuentro de las Mujeres de la Confederación de la Clase Obrera en Paraguay y se siente orgulloso de estar presente en esta actividad porque entendemos que la lucha de las mujeres trabajadoras deben apuntar a la lucha fundamental por el socialismo. Por esta razón, creemos que es fundamental la organización de las mujeres con toda la clase obrera de todos los países.

Presentación del Movimiento Mujeres en Lucha - MML
El Movimiento Mujeres en Lucha es un movimiento de mujeres feminista y Classista. Luchamos para poner fin a la opresión de la mujer y creemos que esto es posible sólo a través de la organización de las mujeres con toda la clase obrera. Creemos que la lucha contra el machismo no puede separarse de la lucha contra el capitalismo, un sistema que explota y oprime a las mujeres trabajadoras. Por lo tanto, hemos construido una organización alternativa, independiente de los gobiernos y los empleadores.
No nos hacemos ilusiones de que todas las mujeres son aliadas. Las mujeres burguesas defenden sus intereses de clase, que en la mayoría de los casos está en contra de los intereses de las mujeres trabajadoras. Luchamos por la igualdad de remuneración, para más guarderías, contra la mercantilización del cuerpo de las mujeres, en contra de las normas de conducta impuestas por el capitalismo y estamos en la calle contra la violencia a las mujeres.
Creemos en el camino de la lucha y no en el camino de la sumisión al gobierno. No estamos de acuerdo con los movimientos de mujeres que impulsan su organización por el criterio de género, así como la Marcha Mundial de las Mujeres. La posibilidad de que estos movimientos se vuelve más funesto cuando además de construir las organizaciones polyclasistas, se construyen bajo la complicidad  con los gobiernos que atacan a la clase obrera.
Para nosotros, es muy importante la organizacion de las mujeres dentro de los sindicatos a través de las Secretarías de la Mujer, para que haya  un cuerpo que elabore políticas específicas de organización y lucha de las mujeres, sino tambien que se lleve a cabo tanto para hombres como mujeres. El MML crea canales que une a estos instrumentos basados ​​en las categorías de mano de obra, los movimientos populares, los estudiantes, por lo que su importancia es primordial.
Creemos que nuestra afiliación con la Conlutas CSP da coherencia a la lucha de las mujeres, es decir, le da el objetivo estratégico que nos permitirá tener igualdad de condiciones, la liberación de dos turnos y la opresión en el que violenta y nos humilla todos los días: el objetivo es la revolución socialista, liderado por hombres y mujeres de la clase obrera.

Las mujeres en América Latina
Según la investigación realizada por la CEPAL, el 40% de las mujeres de América Latina sufren de violencia física. Esta realidad muestra que el machismo sigue siendo una ideología muy fuerte. La mayoría de las mujeres que sufren de esta situación son las mismas mujeres que reciben bajos salarios, la falta de acceso a servicios públicos de calidad, como la salud y la educación y, en algunos países, como Brasil, no tiene derecho a decidir sobre su propio cuerpo .

Ser una mujer no es suficiente, tienes que defender a la clase obrera!
Los gobiernos tienen gran responsabilidad en esta situación. En Brasil, vivimos la primera experiencia con el gobierno de una mujer. Y aunque muchas mujeres trabajadoras tienen confianza en este gobierno, la experiencia de casi dos años ha demostrado que su gobierno es para los banqueros y empleadores, un gobierno de sumisión total a las multinacionales y un gobierno interessado ​​en convertir a Brasil en una submetrópole del imperialismo de EE.UU. en la región. Cristina Kirchner es otra jefe de gobierno que no representa el cumplimiento de las demandas de las trabajadoras, así como Dilma, representa los intereses políticos de los banqueros y empleadores. Por lo tanto, vivir estas experiencias en el continente demostran que ser mujer no es suficiente, es necessario defender a la clase obrera.

Luchamos contra el golpe de Franco exigiendo el gobierno de Brasil no reconocer el gobierno golpista
En Brasil, la CSP Conlutas desarrolló acciones con otras organizaciones del movimiento sindical, popular y estudiantil contra el golpe de Estado orquestado por sectores muy reaccionarios de la burguesía paraguaya. Este es un duro golpe para el movimiento obrero, campesino y popular. Es un asalto directo a las libertades democráticas ganadas durante décadas por la lucha popular. Estamos en contra del golpe de Estado porque, para nosotros, es el pueblo quien decide si un presidente debe permanecer o ser depuesto. La acción del  corrupto parlamento paraguayo no es producto de ninguna presión popular, sino que responde a los intereses de los grandes capitalistas del país.

La CSP Conlutas tampoco apoya el gobierno de Lugo, porque creemos que la política de gobierno con la burguesía crearon un terreno político favorable para el golpe y además ataca a los trabajadores - como vimos en la masacre perpetrada en contra de los campesinos pocos días antes del golpe. Por lo tanto, creemos que la postura internacionalista, clasista y coherente es la que se llama a los trabajadores para derrocar el golpe de estado en las calles, señalando como alternativa a un gobierno construido por los trabajadores.

Hacia Reunión Internacional!
En el proceso de consolidación de la Conlutas CSP, el internacionalismo fue un pilar muy importante. Creemos que es necesario fortalecer los vínculos con otros sindicatos y organizaciones políticas combativas de otros países. Por eso, nos empujamos a la Reunión Internacional que se celebró en Brasil, justo después de nuestro 1er Congreso. La participación del CCT fue muy importante. Durante este encuentro internacional, se celebró una reunión de las mujeres: reflejando la situación de las mujeres en varios países, entre ellos Brasil, Paraguay, Canadá, Sudáfrica, Argentina, Costa Rica e Inglaterra. El debate reafirmó la posición del capital de sobreexplotación de las mujeres que trabajan y su disposición a retirar muchos de los derechos democráticos conquistados por la historia de la lucha de las mujeres.

Estamos coordinando la implementación de una nueva Reunión Internacional, que se celebrará en marzo en Europa, en medio de fuertes luchas contra la crisis económica. Es necesario que las mujeres trabajadoras marquen presencia en esta reunión, para avanzar en la unidad de los hombres y mujeres de la clase obrera contra los efectos que la crisis económica ha causado a los trabajadores en todo el mundo.

¡Viva la lucha de los mineros en España!
Por invitación del CSP-Conlutas, el líder de la Unión Independiente de CSI minero (Corriente Sindical de Izquierdas) de Asturias, España, José González Marín, celebró una serie de conferencias y actividades en Brasil. En las actividades, Marin dijo que la lucha de la clase obrera es la misma y que debían unirse para hacer frente a las salidas de capital y buscar una salida socialmente justa. Marín también señaló que el problema de los mineros trabajadores españoles son los mismos en todo el mundo. "El año pasado, la crisis afectó a nuestros compatriotas griegos, los españoles sufrimos hoy y mañana no se sabe quién lo hará. Así que tenemos que globalizar nuestra lucha ", aconsejó.

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Seguir lutando contra o machismo, a homofobia e a “invisibilidade lésbica”


Babi Borges, do Setorial LGBT da CSP Conlutas e do MML

A preocupação que levou a instituir a data tinha a ver com descaso e desconhecimento da opressão que as lésbica sofriam em todas as esferas de sua vida. Elas acreditavam que a existência de um Dia Nacional de Visibilidade contribuiria para que a sociedade discutisse tais problemas e que atividades neste sentido fossem amplamente organizadas. De lá para cá, o dia de luta se consolidou e se fortaleceu, de modo que diversas organizações preparam iniciativas de combate a opressão. Outra preocupação que as ativistas tinham era com o isolamento daquelas mulheres que queriam defender as bandeiras específicas das lésbicas, que naquele momento, não possuiam um referência de organização comum aos demais explorados e oprimidos. Elas queriam, assim, fomentar a criação de mais grupos de mulheres lésbicas.

Assim como as lésbicas reunidas no Rio de Janeiro em 1996, nós, do Movimento Mulheres em Luta e da CSP Conlutas, não temos dúvida da importância da organização das mulheres lésbicas. Sabemos que para resistir aos ataques dos governos e patrões aos nossos direitos e que para conquistar outros, não há outro caminho senão o da organização e mobilização. Por isso, neste dia, não deixaremos de reafirmar essa necessidade. No entanto, acreditamos que nossa realidade só pode ser transformada se entendermos quais são, de fato nossos verdadeiros inimigos e aliados. Isso fica claro quando analisamos qual é a realidade enfrentada pelas mulheres e homossexuais da classe trabalhadora e que papel tem cumprido a burguesia e seus governos.

Nos últimos anos o Brasil vem em disparada, cada vez mais a frente, como o país em que ocorrem mais crimes motivados por homofobia. No ano passado, a cada 36 horas um homossexual era assassinado. Neste ano, pelo número de assassinatos ocorridos até o inicio deste mês, esse número pode dobrar.

Os dados em relação ao aumento da violência contra as mulheres também tem crescido assustadoramente. Diversos relatórios de violência, como o “Mapa da Violência 2012”, do “Disque 100”, do Grupo Gay da Bahia, e outros, demonstram que a realidade para os setores oprimidos da sociedade – negros, mulheres e LGBTs -, está piorando de maneira alarmante. A violência contra mulheres e homossexuais nas periferias nunca vitimou tanta gente.

Seria interessante apresentar dados da violência ou outros precisos que traduzam a situação da mulheres lésbicas. No entanto, estes não existem. Isso, infelizmente não nega a dupla opressão vivida pelas lésbicas. É na verdade mais uma expressão de descaso e omissão do Poder Público em relação a este setor da sociedade. Aí está também a tal da “invisibilidade lésbica”. Sem dados, é ainda mais fácil negar políticas públicas para combater a homofobia e o machismo.  Apesar disso, é evidente que as mulheres homossexuais da classe trabalhadora sejam mais exploradas, pois ocupam, frequentemente, postos de trabalho mais desvalorizados. Nas empresas de telemarketing, por exemplo, a proporção de lésbicas e bastante grande.

A disseminação do machismo e da homofobia combinados, também torna as lésbicas mais vulneráveis ao assédio moral e sexual, coisa que serve muito bem ao aumento da exploração. Na escola, a discriminação e a violência contra as lésbicas tomou prporções também assustadoras nos últimos anos. Foi neste sentido que foi desenvolvido o “kit escola sem homofobia”. Se não tivesse sido vetado pela presidente Dilma, teria sido um instrumento para que a educação refletisse sobre o problema da opressão e avançasse.

Na saúde, as lésbicas não encontram assistência condizente com suas especificidades, sofrem constrangimentos constantes e sua sexualidade não é levada em consideração. Não lhe são oferecidas condições para o exercício seguro da sua sexualidade.

Nos últimos anos, o número de lésbicas assassinadas por homofobia no Brasil dobrou. Sabemos que as lésbicas estão mais vulneráveis também ao estupro que as demais mulheres. Mais uma vez o machismo e a homofobia se combinam numa prática absurda e recorrente, que é a do “estupro corretivo” – um jeito de castigar as lésbicas e reeduca-las em relação ao seu “devido”papel numa relação sexual.

Diante desta situação triste, vimos que o Governo Dilma, o primeiro governo de uma mulher neste país, não tem trazido avanços em relação ao combate ao machismo. Apesar da Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher aumentou. E assim tem sido porque este governo reduz cada vez mais as verbas destinadas a aplicação da Lei e a assistência social. Faltam creches, faltam casas abrigo, faltam delegacias especializadas em atender as mulheres, e tudo mais que possa romper o ambiente favorável a perpetuação da violência e de impunidade aos agressores.

Embora o movimento LGBT venha exigindo incansavelmente a aprovação da lei que criminaliza a homofobia, Dilma sequer se posicionou em relação a ela. Marta Suplicy, negociou a reformulação desta lei aqueles que pregam o ódio todos os dias na TV, de maneira a flexibiliza-la ao máximo, e ainda assim não pôde aprová-la. Dilma trocou o “kit anti-homofobia” pela defesa corrupção, ao fazer uma negociação espúria com setores conservadores do Governo, em troca da proteção do ex-Ministro Palocci, envolvido em grandes desvios de dinheiro.

Nossos direitos não podem seguir sendo negociados
Para mudar essa realidade é necessário garantir a aplicação da Lei Maria da Penha, ampliando os investimentos do governo. Só assim, é possível assistir as vítimas de violência. O PLC 122/06, projeto de lei que criminaliza a homofobia deve ser aprovado já e o veto ao “kit escola sem homofobia” deve ser revogado pela presidenta.

É preciso que os direitos dos casais heterossexuais sejam estendidos também aos casais do mesmo sexo. É por esses e outros direitos, para combater o machismo, a homofobia e o racismo, que nós do MML e da CSP Conlutas, chamamos as mulheres a organizarem e se mobilizarem. Somente a nossa luta, independente dos governos e patrões, com os demais trabalhadores e que pode transformar essa sociedade. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Basta de Machismo e Homofobia!


O dia da visibilidade lésbica surgiu como parte da luta contra a homofobia e contra o machismo, uma combinação de opressões explosiva que proporciona para as mulheres lésbicas ou bissexuais situações constrangedoras de assédio e humilhação.

Apesar de a luta contra o machismo e a homofobia serem de todos os dias, o dia 29 de agosto marca as batalhas que são necessárias de serem dadas nesse sentido. Muitas mulheres homossexuais ou bissexuais sofrem com a enorme ocorrência de estupros corretivos, expressão da violência específica a que estão sujeitas.

Os estupros visam mudar a orientação sexual de mulheres que gostam de se relacionar com outras mulheres. Em Julho do ano passado, o mundo olhou para a onda de estupros desse caráter que ocorreu na África do Sul. Os dados foram alarmantes: mais de 10 lésbicas estavam sendo estupradas por semana, em estupros coletivos ou individuais e isso só na Cidade do Cabo, capital do país.

Esses casos são a expressão mais violenta de aonde pode chegar o ódio homofóbico e a violência machista. Para quem pensa que isso se localiza apenas na África do Sul, uma reportagem (“Gays são caçados nas favelas do Rio pelo tráfico e pela milícia”, escrita pelo jornalista Mahomed Saigg para o “O Dia”, do Rio de Janeiro, no dia 5 de julho) denunciou a situação da população LGBT nas comunidades mais pobres do Rio de Janeiro.

Uma ex-moradora que havia se mudado para o Morro da Providência para viver com sua namorada decidiu sair do local porque os bandidos ameaçavam estuprar as lésbicas. “Fazem um terror psicológico insuportável (...), dizem que a garota só se tornou homossexual porque não conheceu homens de verdade. E que darão ‘um jeito’.” A reportagem revelou outro caso, como o de Jucyara que chegou a ser espancada por dois homens.

A ideologia machista e homofóbica, muito aproveitada pelo capitalismo para explorar mais e para impor padrões de comportamento, colocam para as mulheres duas alternativas: uma é repressão da sexualidade das mulheres que as obriga a buscar um único e encantado homem a quem a mulher irá pertencer para o resto da vida. A outra alternativa é o tratamento das mulheres como pedaços de carne que devem servir aos prazeres sexuais dos homens.

As mulheres lésbicas, por romperem com essas vias que a ideologia machista e homofóbica impõe acabam por sofrer com suas vidas e com muito sofrimento essas conseqüências. Acreditamos que para essa ideologia acabar, precisamos atacar o sistema político, econômico, social e cultural que a perpetua: o capitalismo.

Como parte dessa luta, defendemos a ampliação dos direitos das mulheres e dos homossexuais. Acreditamos que a vitória conquistada com a aprovação para uniões estáveis homoafetivas deve se estender, ou seja, todos os direitos que são concedidos aos casais heterossexuais devem ser concedidos aos casais homossexuais. Acreditamos, assim, que o recuo de Dilma Roussef em relação aos kit’s anti-homofobia contribuíram para a perpetuação de ideologias que promovem a morte e o sofrimento de milhares de pessoas da comunidade LGBT no Brasil.

Se a homofobia fosse tratada como crime, como prevê o PLC 122, esses casos de estupros e de agressão teriam menos recorrência e o sofrimento de muitas mulheres estaria amenizado. Por isso, acreditamos que é fundamental que este projeto de lei seja aprovado em sua versão original e recusamos as negociações e alterações feitas como fruto de concessões à bancada evangélica.

Também acreditamos que se a Lei Maria da Penha fosse devidamente implementada e ampliada, se configuraria um amparo para as mulheres que passam por esse tipo de violência. Mas, a falta de recursos para os programas de combate à violência, acabam fazendo com que um instrumento de poderia ajudar as mulheres não se efetive.

Acreditamos que a luta da mulher lésbica é uma luta de toda a comunidade LGBT e de todos os setores oprimidos, junto com o conjunto da classe trabalhadora.

Pelo fim da violência machista e homofóbica!
Pela aprovação imediata do PLC 122!
Pela implementação e ampliação da Lei Maria da Penha!



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mulheres em Luta contra a Mídia Machista

Cartaz da Marcha Nacional contra a Mídia Machista
No dia 25, sábado, muitas jovens mulheres foram para as ruas de granes capitais do país gritar em alto e bom som que as mulheres não são mercadoria. O motivo das manifestações foi o repúdio a propagandas de conteúdo altamente machistas que reforçam o estereótipo das mulheres, associando-as às características relacionadas com fragilidade, delicadeza ou mesmo submissão.

Dentre os comerciais citados no manifesto da marcha contra a mídia machista estão o da cerveja Nova Schin que está sendo condenado por incitar a violência contra a mulher. Em tom de brincadeira, os homens conversam sobre formas de ver as mulheres peladas e se imaginam invisíveis, o que os permite arrancar os biquinis das mulheres, ou mesmo entrar no banheiro feminino.

Outro comercial questionado é o das Lojas Marisa, em que as mulheres são orientadas a vestirem-se bem porque há 96 mulheres para um homem. Além de associar a beleza a conquistas amorosas, incita a competiçãop entre as mulheres. Isso para não falar do padrão sexual imposto, uma vez que muitas mulheres podem querer se relacionar com outras mulheres e não apenas homens.

Esse tipo de divulgação, em um país aonde o machismo se expressa em altos índices de violência contra as mulheres, tem um efeito muito devastador, pq deseduca a população que assiste a TV, ao mesmo tempo em que respalda, do ponto de vista ideológico, ações violentas e machistas.

O Movimento Mulheres em Luta participou dessas manifestações por entender que o questionamento aos padrões estéticos, sexuais impostos pela mídia sobre as mulheres é muito importante. Em São Paulo, a diretora licenciada do Sindicato dos Metroviários Marisa Santos, esteve presente e falou para várias pessoas sobre a campanha que o Sindicato realizou no ano passado contra o programa Zorra Total da Rede Globo, que fazia piada com a violência sexual que várias mulheres sofrem no transporte público.

Confira algumas passagens do Manifesto da Marcha Nacional contra a Mídia Machista:

"Alguns exemplos de campanhas publicitárias machistas são os de cosméticos e vestuário em geral, onde a mulher é retratada como a alienada dependente financeiramente do marido. Já nas propagandas de carros, o homem sempre dirige e precisa de praticidade para o dia-a-dia do trabalho e agilidade para a prática de esportes – já a mulher está quase sempre no banco do passageiro, apenas sorrindo para sua situação de dependência e controlando a bagunça das crianças. Os comerciais de produtos de limpeza e serviços domésticos em geral também se direcionam sempre às mulheres, considerando-as as serviçais da casa em primeira instância, sempre.

Já há algum tempo, estamos inconformados e protestando pela mudança do comportamento da mídia em relação às mulheres. Uma recente divulgação da marca de preservativos Prudence fomentou o debate sobre a mídia machista: a “Dieta do Sexo” apresentava as calorias perdidas ao tirar a roupa de uma mulher sem o seu consentimento.

Diante da visível apologia ao estupro, protestos foram feitos via Facebook, o que culminou na retirada da publicação da rede social. Em meio a tudo isso, surge o debate sobre a campanha publicitária “O Homem Invisível”, da Nova Schin, que foi o estopim para a mobilização social e a criação da Marcha Contra a Mídia Machista.

Há alguns meses, vem sendo veiculada na TV a propaganda da Nova Schin, com apologia ao estupro. No comercial publicitário, cinco homens que bebem num quiosque de praia imaginam: “E se fôssemos invisíveis?” Já no campo da imaginação, tudo o que se vê é uma latinha flutuante, e então, o “homem invisível” aproveita de seu “poder” para passar a mão em mulheres deitadas na areia e invadir o vestiário feminino, fazendo as moças saírem correndo de dentro do lugar, seminuas.

A propaganda da Nova Schin presta um desserviço à sociedade enquanto corrobora com a mentalidade de que abusar de uma mulher e invadir sua privacidade é aceitável, e pior que isso, engraçado. Não é engraçado. O estupro não configura apenas a penetração vaginal. Desde 2009, praticar qualquer ato libidinoso sem consentimento da outra parte envolvida é estupro é É CRIME.

Nos mobilizamos, mas a Nova Schin não quer ouvir. Todos os protestos na página do Facebook são apagados e ignorados, e a propaganda continua no ar, a todo vapor. Por este motivo, apelamos ao CONAR pela retirada imediata de circulação da propaganda, e exigimos da empresa Nova Schin uma retratação correta, não apenas: “Não foi nossa intenção ofender ninguém”. O CONAR disse, em resposta aos e-mails de protesto, que o caso foi arquivado em março, pois, por maioria de votos, foi decidido que a campanha publicitária não representava apologia ao estupro por ser uma situação “absurda” (alguém ficar invisível), além de, ao fim do comercial, o homem ser ignorado pelas mulheres.

A situação é absurda no comercial, mas a incitação ao estupro é real, e os fatos também são: segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de 2011, pelo menos oito mulheres são agredidas por hora no Brasil, e na capital de São Paulo, uma mulher é estuprada a cada três horas. No Brasil, aconteceram cerca de 91 mil assassinatos de mulheres nos últimos 30 anos, segundo o Mapa da Violência 2012. Ao incentivar este tipo de comportamento abusivo dos homens para com as mulheres, a mídia colabora para a cultura de estupro e violência contra a mulher brasileira."

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Campanha Nacional contra a violência à mulher trabalhadora

Chega da violência contra as mulheres!

Chega da violência contra as mulheres!