quarta-feira, 2 de julho de 2014

Somos todas metroviários e metroviárias! Readmissão Já!

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A greve dos metroviários e metroviárias foi uma greve histórica e heroica. Durante os 5 dias em que a maior cidade da América Latina parou, o debate sobre a situação do transporte público ganhou muita evidência e a importância de organização e luta dos trabalhadores também.

Na luta dos metroviários, havia justos pontos de reivindicação da categoria metroviária, como a luta pela periculosidade, pela equiparação salarial. Esses temas repercutem muito na vida da mulher metroviária. A luta pelo adicional de periculosidade para os agentes de estação era um dos motores da greve. Este é um dos cargos do metrô aonde mais trabalham mulheres. Esse trabalho está suscetível a diversos riscos, como o risco de agressão dos usuários, em que as mulheres agentes de estação são mais vítimas. A equiparação salarial também era um motor da greve e uma expressão da desigualdade salarial entre homens e mulheres, pois na medida em que foi entrando mais mulheres na categoria, a diferença salarial entre mais novos de empresa e mais antigos foi aumentando.

Mas não foram apenas pontos relativos exclusivamente à categoria que estavam na pauta e que estavam em questão no processo da greve. A denúncia da situação do transporte público, o problema do assédio sexual, tema que afeta especialmente as mulheres usuárias do sistema, também era parte da luta. E essa medida de transformar a greve dos metroviários em uma luta de toda a população, combinando a luta por melhores condições de trabalho, com a luta pelo fim do sufoco, foi um elemento estratégico que deu força para a greve e apoio popular.

O que se viu em todo esse processo, desde as manifestações anteriores, durante as reuniões de negociação da campanha salarial, foi uma união incrível da categoria e uma vontade de lutar e conquistar que só se explica pela nova situação política que foi aberta no país a partir das manifestações de Junho do ano passado.

A participação das mulheres metroviárias foi destaque nessa luta, na condução da greve, na organização dos piquetes, nas manifestações, nos debates na base da categoria, etc. Apesar de serem apenas 20% da categoria, e em algumas funções serem bastante minoria, como na segurança, não deixamos de ver operadoras de trem, agentes de segurança, agentes de estação e até mesmo trabalhadoras da manutenção na construção dessa luta. E não temos dúvida que sem a participação das mulheres metroviárias, essa luta não teria a força que teve.

Expressou-se também nesse processo a importância de o Sindicato abarcar os temas relativos às mulheres em seu cotidiano de atuação, pois todas essas reivindicações que estão relacionadas à luta da mulher metroviária sempre foram pautadas pelo Sindicato dos Metroviários, mostrando que este pode e deve ser instrumento de luta e organização das mulheres trabalhadoras.

A força da greve só foi abalada pela atitude covarde do governador Geraldo Alckmin, que apelou para a 42 demissões, dentre elas de 8 mulheres metroviárias, para tentar quebrar e desmoralizar o movimento. A disposição inicial do governo era conceder o mínimo possível e apostar na contrariedade da opinião pública em relação à greve metroviária. Mas isso ele não conseguiu, e mesmo a população estando sem o metrô, a greve recebeu muito apoio, porque a verdade é que ninguém aguenta mais o sufoco do metrô.

A força da greve impôs derrotas polícias e econômicas ao Metrô, como uma conquista histórica que muito interessa ao movimento feminista debater. O direito ao auxílio creche era concedido apenas às mulheres da categoria, sob o argumento mais atrasado possível de que os homens não recebiam porque isso seria obrigação da empresa em que suas esposas trabalham. Uma concepção retrógrada, que carrega o conservadorismo de que as mulheres são as únicas responsáveis pelo cuidado e educação dos filhos. Nessa greve, conquistou-se o auxílio creche para homens. Ainda que do ponto de vista financeiro isso repercuta mais na vida dos homens metroviários, do ponto de vista do combate ao machismo e suas expressões sobre a vida das mulheres em geral, e não apenas metroviárias, isso se trata de uma conquista importante. Uma conquista que não veio sem luta de muitos anos, em diversas campanhas salariais e que a força da greve conseguiu obter.

As derrotas políticas que o governador obteve foi um desgaste importante sobretudo entre os metroviários, que confirmaram, sem sombra de dúvida que o governo é inimigo do trabalhador e que a direção da empresa é capacho desse governo. E essa compreensão se deu também em uma parte da população que apoiou a greve.

As 42 demissões são uma tentativa de intimidar os metroviários para que não lutem nunca mais. O que está em jogo nessa batalha pela readmissão dos 42 companheiros e companheiras não são apenas seus empregos, mas o direito de qualquer trabalhador desse país fazer greve, e lutar pelo seus direitos. É por isso que a luta pela readmissão dos 42 é continuidade dessa batalha, que sofreu um revés, porque as demissões ferem os demitidos e também toda uma categoria, mas uma batalha que veio de uma greve muito forte e que por isso pode ter força para reverter as demissões.

O Movimento Mulheres em Luta se solidariza com todos os companheiros e companheiras demitidos, do qual fazem parte inclusive dirigentes do MML. E também colocamos nossa força e nossa disposição a serviço dessa luta. Porque ela se trata de uma luta de todo o trabalhador e trabalhadora brasileiro ou brasileira.

Ninguém fica pra trás! Readmissão dos Metroviários e metroviárias Já! 

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