Por Marcela
Azevedo da Executiva
Nacional do MML
Hoje, pela terceira
vez, aconteceu uma audiência na assembleia legislativa de São Paulo para
instaurar a CPI que vai investigar os casos de violência sexual contra
estudantes na Universidade de São Paulo- USP. Infelizmente, mais uma vez esse
propósito foi adiado por falta de quórum de deputados para garantir tal CPI.
Os casos de estupro na
universidade vieram a público após uma matéria publicada no site ponte.org, na
qual várias estudantes relataram a violência que sofreram e como foram
convencidas a não denunciar. Após romperem o silêncio, vem crescendo o número
de denúncias e o movimento de mulheres organizado na Universidade está lutando
para que haja punição dos culpados e medidas concretas da Instituição para
responder a esse problema.
A CPI poderia ser uma
ferramenta importante para não abafar os casos de violência e garantir punição
os agressores. Contudo, não parece ser esse o interesse do Governo do Estado,
já que a pressão para silenciar as vítimas e paralisar a própria comissão de
direitos humanos da ALESP, está sendo forte.
Para que a CPI fosse aberta seria necessária a presença de
cinco dos nove deputados estaduais titulares da Comissão de Direitos Humanos da
Alesp, mas apenas quatro compareceram. Nenhum representante da bancada do
governo estava presente na sessão no horário marcado, às 14 horas. Às 15 horas,
o deputado Carlos Bezerra Jr. (PSDB) chegou à sessão, o que possibilitaria a
sua instalação, mas a CPI não pôde ser aberta porque o quórum deve ser
confirmado até no máximo 15 minutos após o início da sessão, de acordo com o
regimento da Casa.
Os demais
deputados que compareceram à sessão foram Adriano Diogo (PT), os deputados
Marco Aurélio (PT), Sarah Munhoz (PCdoB) e Carlos Giannazi (PSOL). Faltaram os
deputados Bruno Covas (PSDB), Jorge Caruso (PMDB), José Bittencourt (PSD) e
Ulysses Tassinari (PV), todos da situação.É inadmissível que um tema tão sério
e devastador para as mulheres jovens e trabalhadoras, não apenas da
universidade, mas de todo o país, seja tratado com tanta negligência por
aqueles que se dizem representar os interesses da população.
Amanhã (17/12), às 14 horas, acontecerá nova audiência na
tentativa de instaurar a CPI. Vale ressaltar que, caso tal quórum não seja
alcançado até sexta-feira, a CPI só poderá se efetivar após o recesso de final
de ano. Ou seja, assistiremos mais um caso de relevância social ser jogado para
baixo do tapete, para proteger uma meia dúzia de privilegiados.
Por isso, nós do Movimento Mulheres em Luta, fazemos um chamado
para que todas as ativistas estejam amanhã na ALESP, porque não há dúvida de que
sem a pressão do movimento, o machismo institucionalizado e os interesses políticos
vão imperar sobre a apuração dos fatos, sabemos que sem uma luta cotidiana a
violência contra a mulher vai seguir sendo naturalizada em todas as esferas da
sociedade.
Basta de violência contra as
mulheres! Apuração dos casos de estupro na USP! Punição aos estupradores!
Letícia Pinho, estudante da USP e da Executiva Nacional do MML, em intervenção na audiência de hoje, dia 16/12/2014 |
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