domingo, 18 de janeiro de 2015

A força das operárias: presença e participação das mulheres na eleição do sindicato da construção civil de Belém.


Marcela Azevedo da Executiva Nacional do MML

Nos dias 08 e 09 de Janeiro, aconteceu a eleição da nova diretoria do sindicato dos trabalhadores da construção civil de Belém. Este é um sindicato de referência para os trabalhadores de diversas categorias em Belém e no país todo. Nos últimos anos vem travando lutas e enfrentamentos importantes com a patronal e a repressão do Estado.



Contudo, outra característica dessa entidade nos faz ter orgulho de atuar conjuntamente e deve servir de exemplo também: o trabalho entre as mulheres e a organização de suas pautas específicas. Em Agosto de 2010, com apenas uma mulher na diretoria, foi realizado o 1º Encontro de Mulheres da categoria, esse foi o marco no início de uma atuação que só faz avançar na presença das mulheres em todas as atividades da categoria, inclusive em sua nova direção sindical.

Na chapa recém-eleita, estão presentes cinco mulheres, um companheiro transexual e muita disposição para fazer da luta contra todas as ideologias opressoras uma tarefa da classe trabalhadora, de fato. Apresentaremos abaixo, um pouco da experiência que foi acompanhar esse processo eleitoral e perceber a participação massiva das mulheres. Com vocês as operárias da construção civil de Belém!

Simone Rodrigues
Simone Rodrigues, está há 08 anos na categoria, faz parte da secretaria de mulheres do sindicato desde 2010, como representante de base. A partir das discussões feitas nesse espaço, se candidatou a CIPA e se tornou referencia de luta para as colegas de seu canteiro.


“O sindicato nos ajuda muito, principalmente através da secretaria de mulheres e das atividades de formação. Espero com a minha entrada e de outras companheiras [no sindicato] poder fazer mais”.
Simone Rodrigues

Márcia Lobato
 Márcia Lobato, está há 4 anos na categoria. Desde 2011 faz parte da direção do sindicato, dirigindo piquetes e acompanhando o cotidiano das obras, em especial os casos de assédio sobre as mulheres.


“O aumento do número de mulheres na diretoria vai ser fundamental para avançarmos no trabalho da secretaria de mulheres e fortalecer a luta pela classificação profissional!”

Márcia Lobato.


Lilian Santos, 05 anos na categoria. Destacou-se como grande ativista na greve de 2013. Enfrentou a perseguição política no local de trabalho e a demissão como resposta a sua persistência na luta, nada disso a intimidou.


Lilian Santos
“Eu gosto da luta. Essa galera que está no sindicato, já vem atuando na defesa da categoria há muito tempo, por isso decidi me unir a eles”... “A gente percebe que as mulheres [como dirigentes sindicais] estão sendo mais respeitadas nos canteiros e as trabalhadoras contam com a gente para ajudar nas suas demandas. Por isso, é fundamental nossa presença nessa diretoria”.
Lilian Santos


Seu Alex
Seu Alex, 16 anos na categoria. Está na diretoria do sindicato desde 2011. Atua junto com a secretaria de mulheres a fim de fortalecer o combate as opressões e também organizando o setor LGBT da categoria. Tornou-se um dirigente respeitável na base da categoria, enfrentando o preconceito e a falta de informação.

Sobre a participação das mulheres na diretoria Se Alex diz que:

 “A tendência é avançarmos mais, para 30% de representação. Porque isso nos fortalece e ajuda no debate das opressões, tanto dentro do sindicato como na base da categoria”.

Seu Alex


A chapa teve 3.919 votos favoráveis, do total de 4.021 votos da eleição. Uma das principais lutas que serão tocadas, no próximo período, é pela classificação profissional das operárias pois, as mesmas entram na categoria como serventes, o nível mais baixo da categoria e ainda que façam o mesmo trabalho dos homens, não são consideradas como profissionais.




Além disso, o sindicato vai prosseguir com a campanha de combate ao assédio moral e sexual, que afeta diretamente as mulheres; e realizar o segundo Encontro de Mulheres da categoria.



 As trabalhadoras demonstraram seu apoio nas urnas e relataram ter grande expectativa por essas e outras conquistas!






Elizana Neris, há 04 anos na categoria, afirma que ter mais mulheres na diretoria é muito importante porque:

“Se o sindicato já faz tudo que faz pela categoria, imagina com a mulherada fortalecendo a luta pela classificação, que é um direito nosso?”
Eliziana Neris.


Gisele Santos


 Gisele Santos está há apenas 08 meses na categoria, mas já compreendeu que a participação das mulheres nas lutas da categoria é fundamental:

“As companheiras do sindicato estão à frente da nossa luta, nos fortalece ter elas lá”.
Gisele Santos



Marinez Barros tem 30 anos de construção civil, atualmente está desempregada, já participou de muitas greves e mobilizações da categoria e avalia como muito positiva a presença das mulheres na diretoria.

Marinez Barros
Elas vão poder alavancar a secretaria de mulheres e fortalecer as companheiras que estão no canteiro de obras”.

Marinez Barros.



É com essa força e determinação que a mulherada vai construindo junto com os homens de sua classe a luta cotidiana contra a opressão e a exploração capitalista. É com essa garra que ocupam um dos cargos de coordenação geral do sindicato, com a companheira Danielle Schuterschitz, a "Lora":




Danielle Schuterschitz
“O que me fortalece, diante desse desafio de ser coordenadora geral ao lado de um grande companheiro como o Zé Gotinha, é que estarei junta com o MML, as outras diretoras eBarros as companheiras dos canteiros de obra, combatendo as mazelas impostas pela burguesia”.

Danielle S.



Marcela Azevedo




É também com o apoio do Movimento Mulheres em Luta que essas companheiras vão ocupando seu espaço como dirigentes sindicais e referência na organização das trabalhadoras.  Temos orgulho de fazer parte dessa história e nos colocamos a disposição para seguirmos juntas na luta das mulheres trabalhadoras e sua classe!







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