No dia 8 acontecerá a Marcha das Vadias em Guarapuava, no interior do Paraná. Diversas organizações estão engajadas na construção desse ato, inclusive o Movimento Mulheres em Luta de Guarapuava. Reproduzimos abaixo a nota escrita pela organização do ato.
Nota
da Organização da Marcha das Vadias em Guarapuava 2014
Guarapuava
está localizada na região centro-sul do estado do Paraná, que por
sua vez é uma região com um grande índice de violência contra a
mulher. Violação que acontece constantemente, seja em casa, na rua,
pelos parentes, parceiros ou desconhecidos. Dados estatísticos
divulgados pelo Instituto Sangari (2014) e pelo Ministério da
Justiça colocam Guarapuava no ranking do femicídio entre os
municípios com os maiores índices nacionais, se encontrando na 98ª
colocação.
No
Paraná ocupa o 4º lugar com 6,4 homicídios para cada 100 mil
mulheres. Isso só considerando os casos que tomam repercussão.
Quantas de nossas mulheres tem o seu sofrimento silenciado? Quantas
delas morreram sem que ninguém soubesse?
A
partir disso se faz necessária as mobilizações, pelo combate a
violência contra a mulher, que todos os dias se resume em apenas um
número que só aumenta. E é um grande avanço a possibilidade da
organização das mulheres que lutam contra o machismo em uma cidade
com forte modelo patriarcal como Guarapuava. Precisamos mostrar
unidade na luta por reivindicações, que de uma vez por todas,
retire da mulher a culpa pela violência que historicamente a
sociedade lhe atribui.
A
primeira Marcha das Vadias ocorreu em Toronto – Canadá (2011),
como protesto contra a culpabilização das mulheres pelo estupro.
Muitas mulheres além de sofrerem absurda violação de seu corpo,
ainda eram obrigadas a suportar o estigma de que pelas roupas que
usavam e como se comportavam, eram as responsáveis pelo estupro.
Por
isso em cada Marcha das Vadias que ocorre no mundo todas as pessoas
que apoiam o debate marcham se denominando “vadias” para dar um
basta na violência contra a mulher e dizer que o corpo dela pertence
apenas a ela própria e a mais ninguém, prezando sempre pela sua
liberdade a partir da simbologia de que “se ser livre é ser vadia,
então somos todas vadias”.
Além
do fato de que o termo “vadia” sempre é ligado a algo negativo
se tratando da mulher e sua vida sexual e o nome desta mobilização
vem com este objetivo de denunciar toda esta opressão de gênero. A
sociedade conservadora precisa ter a consciência que o corpo da
mulher não é objeto de uso de estupradores e machistas e que seu
corpo pode ser posto a mostra sem querer ser violado. Que pode usar e
ser o que quiser. E que nada que faça é “pedir” para ser
abusada. Nenhuma mulher “merece” ser estuprada. E esta é a
principal pauta de luta da 2º Marcha das Vadias em Guarapuava, que
vem sendo construída neste ano de 2014.
Além
da luta pelo combate a violência contra a mulher, vamos reivindicar
que a mulher tenha total direito sobre o seu próprio corpo e que o
Estado não interfira em suas decisões. Queremos o fim da
discriminação de gênero e apoiamos a causa LGBTT (Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Transexuais e Travestis) até porque também são vítimas
do machismo todos os dias. Lutamos contra todo tipo de opressão,
seja racial, de gênero, machista, sexista, homofóbica, transfóbica
etc. Não toleramos nenhuma forma de preconceito, pois não há nada
que o justifique.
Todas
as pessoas que apoiam este debate podem construir conosco o evento,
entidades, partidos, etc. Além disso não será proibido nenhum tipo
de manifestação – que seja a favor da pauta de luta da marcha –
durante a Marcha das Vadias e nenhuma bandeira de entidade ou partido
será retirada, bem como nenhum cartaz de reivindicação - que seja
favorável a pauta.
Importante
ressaltar também que a marcha é apartidária e laica, ou seja, não
existe nenhuma entidade/partido em específico encabeçando a
discussão, mas sim uma organização composta por várias pessoas
que apoiam a construção da luta que é democrática e libertária. Acreditamos nesta luta e por isso vamos as ruas no dia 8
de novembro, realizar a 2º Marcha das Vadias em Guarapuava. Não
vamos nos calar diante de tanta violência e banalização da mesma.
Queremos o fim desta violação de direitos
Basta
de violência contra a mulher! Não vamos tolerar a culpabilização
da vítima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário