Às vésperas das
manifestações do ato do 8 de março, diante da condução de Lula para depoimento
nas investigações da operação Lava jato, CUT, CTB, Marcha Mundial de Mulheres e UNE
anunciaram que pretendem transformar os atos do dia internacional de luta das
mulheres em atos para defender o ex-presidente do PT, com o lema “Mulheres com
Lula”.
O governo do PT, que
está no poder há 14 anos, tem responsabilidade com todos os problemas que nos
afetam porque traíram a classe trabalhadora e aplicam junto com PSDB e demais
partidos da burguesia, medidas que penalizam a nossa classe. É inadmissível
diluir toda a luta das mulheres no marco da defesa de um governo e de um partido
que não defende nossos interesses. Os ataques sofridos pelas mulheres são
muitos, enfrentamos as demissões em massa; a ameaça de uma nova reforma da
previdência que dificulta ainda mais a nossa aposentadoria; o aumento da
violência machista; da criminalização do aborto; da falta de creches públicas;
estamos morrendo e vendo nossos familiares morrerem na porta dos hospitais.
Esse mesmo governo que
está sendo defendido por essas organizações sob a justificativa de que há um
golpe militar em curso foi quem encaminhou ao congresso uma lei antiterror que
foi aprovada na semana passada e que criminaliza os movimentos sociais e suas
manifestações legítimas, podendo chegar a detenções de 16 a 30 anos. É o mesmo
governo que rifou bandeiras históricas das mulheres como a legalização do
aborto para manter o apoio de setores conservadores. É o mesmo governo que
travou um acordão com Cunha, o alvo da indignação de milhares de mulheres no
final do ano passado, para se manter no poder. E que acabou de firmar acordo
com o PSDB para aprovar a reforma da previdência e para aprofundar a
privatização da Petrobrás.
As mulheres estão
demonstrando grande disposição de luta nas ruas, nas ocupações de escolas e
fábricas, nas greves e mobilizações. Apresentar para elas a idéia de que Lula e
o governo do PT são nossos aliados, que devem ser defendidos por nós é jogar
ilusões na cabeça das mulheres, é levar a derrota de nossas pautas. Nesse
momento o que precisamos é de democracia para lutar, é mostrar nossa força de
maneira independente de todos os governos (PT, PSDB, PMDB, PSB, etc.) e tomar
as ruas para derrotar o ajuste fiscal e qualquer tentativa de nos calar.
Nós, do Movimento
mulheres em Luta, acreditamos que essa é a tarefa que está colocada para as
organizações feministas e de trabalhadores. Para ser consequente com essa luta
é necessário romper com o governo do PT e construir uma alternativa de classe à
oposição burguesa. É necessário
construir um campo classista por fora do PT , PMDB e PSDB, que brigam nas
alturas, mas se unem para jogar a conta da crise nas costas das trabalhadoras.
O 8 de março não pode
ser usado em função do governo, é inadmissível que a Marcha Mundial de Mulheres, CUT, CTB e UNE
rompam a unidade de ação construída em torno da luta contra a reforma da previdência,
o ajuste, a violência e a legalização do aborto, para defender os governos e o
PT.
Estamos pela unidade da
classe, não vamos defender que não defendeu as mulheres trabalhadoras. Exigimos
que os eixos aprovados sejam mantidos, porque não podemos deixar que nossas
bandeiras sejam moeda de troca. Por isso exigimos que essas organizações
rompam com o governo e não com as bandeiras das mulheres.
Basta das mulheres
trabalhadoras pagarem pela crise
Basta de Dilma, Cunha,
Temer e Aécio!
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