Nós mulheres trabalhadoras somos
as mais afetadas pelos efeitos da crise econômica e as medidas que os governos
vêm tomando para evitar que empresários e banqueiros diminuam seus lucros.
Somos aquelas que estão sendo demitidas, que perderam o PIS, seguro desemprego
e auxilio saúde, somos aquelas que teremos que trabalhar mais 5 anos, caso a
proposta de reforma da previdência da presidente Dilma seja aprovada.
Por isso, não é possível combinar
nossas exigências com a defesa de lula, Dilma ou o governo do PT. Pois, foi
justamente esse governo, em unidade com a oposição de direita, que aplicou
todos esses ataques aos nossos direitos.
Achamos um equivoco que
organizações de mulheres, como a Marcha Mundial de Mulheres, faça o chamado ao
conjunto das trabalhadoras e jovens para atos como os do dia 18 ou 31, sob a
justificativa de um golpe e a defesa da democracia. Como é possível defender a
democracia junto com um governo que encaminhou e possibilitou a aprovação da
lei Antiterror no congresso? Uma lei que criminaliza os movimentos sociais e
tenta impedir a sua manifestação. Como é possível convocar os movimentos
sociais para se mobilizarem por essa pauta, se desde as jornadas de 2013 vários
jovens respondem a processos sob a acusação de formação de quadrilha porque
ousaram criticar o governo democrático do PT?
Dilma é mulher e utilizou
bastante esse fato para dizer que teria sensibilidade com as demandas das
mulheres, porém não foi o que vimos em seu mandato. Seguiu aplicando apenas R$
0,26 por cada mulher vítima de violência doméstica, mesmo quando a economia
crescia; das 27 casas da mulher brasileira (centros integrados de atendimento
as mulheres vítimas de violência) prometidas somente 01 foi inaugurada em 2015;
também passou longe de concretizar as 6 mil creches prometidas na campanha
eleitoral. Ou seja, mesmo sendo mulher a política e a prioridade do governo seguiu
sendo os interesses dos empresários e ricos do país.
Também não temos nenhuma ilusão
de que as manifestações do dia 13 ou que os representantes da oposição de
direita reflitam nossas pautas. Não damos nenhum credito para esse setor
encaminhar qualquer ação, seja de impeachment ou qualquer outra coisa, em nosso
nome. Pois são esses governos do PSDB, PMDB, PSB e etc. que estão aplicando os
ajustes nos estados e desmantelando os serviços públicos. Além disso, quando
convêm esses setores se unem ao governo do PT para nos atacar, como aconteceu
no aprofundamento da privatização da Petrobrás e no apoio já declarado pelo
PSDB a reforma da previdência.
Frente a isso, nós acreditamos
que o movimento organizado de mulheres tem um papel central de mobilizar as
trabalhadoras e jovens em torno às pautas de combate a opressão, entendendo que
para avançarmos em nossas reivindicações como combate a violência, acesso a
creche pública, legalização do aborto; salário igual para trabalho igual,
dentre outras, é necessário derrotar o governo e sua política de ajuste fiscal,
é necessário impedir que a nossa classe siga pagando a conta dessa crise econômica.
Em todo o país as mulheres vêm
dando exemplos categóricos de que estão dispostas a ir para o enfrentamento seja
nas ocupações de escolas pelas secundaristas, seja nos atos de rua contra o PL
5069/13, seja nas greves e mobilizações, elas estão sendo protagonistas da resistência
e não tem escolhido alvo, pois são atacadas de todos os lados. É PSDB, é PMDB e
também o PT.
Defendemos a organização
independente dos trabalhadores e a construção de uma manifestação que possa
colocar todas as nossas bandeiras nas ruas, sem defender o sujo e tão pouco o
mal lavado, ou seja, nem o governo e nem a oposição e esse congresso. Esse polo
alternativo vem sendo construído por diversas entidades e organizações de
esquerda, a partir do Espaço de Unidade de ação, que chama um ato para o dia 1º
de Abril contra as mentiras do governo e da oposição de direita, contra a
reforma da previdência e o ajuste fiscal, em defesa do emprego e dos serviços
públicos de qualidade. Contra a opressão e a exploração capitalista.
Nós, do Movimento Mulheres em
Luta, estaremos nas ruas no dia 1º porque entendemos que a nossa luta é ao lado
da classe trabalhadora. Chamamos todas as organizações feministas e entidades
de classe a se somarem nessa construção.
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