A
nova novela do horário nobre da rede globo, “Em família”, desde seu primeiro
capítulo já deixou claro que seria mais um espaço na mídia a reproduzir o
machismo e responsabilizar as mulheres pela opressão que sofrem.
A
trama gira em torno de um casal que mesmo sendo muito jovem já refletem todo o
peso do ciúme e o namorado defende a idéia de que a mulher é uma propriedade do
homem. A jovem, interpretada por Bruna Marquezini, se apresenta como uma pessoa
decidida e que não aceita a postura dominadora do namorado.
Porém,
o tempo todo o rapaz é colocado como alguém que precisa se tratar e ela como
aquela que gosta de provocar, ou seja, aquela que sabe que o namorado é
ciumento e ainda assim não obedece as suas ordens, insiste em ter uma relação
de amizade com outro homem, fala de seus desejos sexuais, portanto está procurando
uma situação de violência.
As
mulheres são constantemente responsabilizadas pela violência e pelo machismo
que sofrem, seja pela roupa que vestem, pelo comportamento que tem, ou pelo
fato de não denunciarem um agressor. Tanto é assim que após o namorado ter
agredido fisicamente o outro rapaz da trama, Helena, a personagem, ajoelhou-se
e pediu desculpas pelo que tinha acontecido sentindo-se culpada pela atitude de
violência machista do namorado.
A
personagem Neidinha, vítima de estupro coletivo, é outra demonstração de como a
mídia representa as mulheres e reforça sua opressão. Primeiro ocorre a cena
chocante de um estupro coletivo, depois há uma passagem de tempo de 20 anos,
sem que se apresente a busca pelos culpados da violência sexual. Ao contrário
disso, a personagem engravida, tem a criança e a agora sua filha quer conhecer o
pai.
A
prática do aborto em casos de estupros é uma das poucas garantidas por lei no
Brasil, ainda assim muitas mulheres são questionadas e assediadas a não se
valerem desse direito. Nesse sentido é que se discute no congresso nacional o
projeto de lei sobre o estatuto do Nascituro.
Esse projeto visa garantir uma bolsa a mulher que decidir ter o filho
fruto da violência sexual, propõe procurar o responsável pelo ato e fazê-lo
registrar a criança, como punição. Todavia, em nenhum momento são apresentadas
soluções para a dor, a humilhação e a violência sofrida pela mulher.
No
Brasil, a cada 12 segundos uma mulher é estuprada, sendo as mulheres negras as
principais vítimas. A cada 24 segundos uma mulher é espancada ou a cada 1h e
meia uma mulher é assassinada por causa do machismo. Diante de dados tão
alarmantes é inadmissível que uma novela que atinge centenas de brasileiros
trate do tema de maneira irresponsável. Não aceitaremos mais sermos retratadas
como tentações, feiticeiras ou pecadoras.
Chega de violência contra as mulheres! Abaixo o machismo midiático!
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