Na última semana foram amplamente divulgadas imagens de trotes violentos, machistas e racistas na faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. Um calouro foi amarrado a um poste numa óbvia associação com o episódio de racismo que aconteceu no Rio de Janeiro, quando um jovem negro foi vítima da ação de “justiceiros”, sendo espancado, obrigado a ficar nu e preso pelo pescoço com uma trava de bicicleta num poste. As calouras foram humilhadas, assediadas e coagidas pelos veteranos a fazerem simulações de sexo oral com pepinos e bananas. Tudo isso em plena avenida paulista.
Esses casos não são os únicos. Já foram denunciados pelo movimento feminista e estudantil o caso do trote na UFMG, onde veteranos faziam saudações nazistas e pintaram uma caloura com tinta preta, acorrentaram-na e penduraram uma placa onde estava escrito “caloura chica da silva”; o “miss bixete” no campus da USP em São Carlos, onde as calouras são humilhadas e objetificadas; o trote “perpétuo” da medicina na PUC Sorocaba, com humilhações sistemáticas com os estudantes e inúmeros outros casos.
Infelizmente não é novidade o trote opressor. O que deveria ser um momento de recepção dos ingressantes nas universidades e de integração entre os estudantes acaba virando um momento de agressões violentíssimas, reproduzindo tudo o que há de mais degenerado da nossa sociedade, marcando profundamente a todos que são submetidos. Quando os estudantes acham que é divertido oprimir o que vemos é uma prática que reforça toda a ideologia racista, machista e homofóbica que violenta historicamente mulheres, negros e lgbt’s.
Muitos defensores do trote opressor alegam a tradição e que a participação é opcional. Ignoram toda a carga histórica da opressão e tratam como se fosse simples o oprimido superar a vergonha, o constrangimento e humilhação e dizer “Não”. Quem se nega a participar desses trotes é isolado socialmente, perseguido e intimidado.
Nós do Movimento Mulheres em Luta nos posicionamos veementemente contra o trote machista, racista e homofóbico bem como todo e qualquer trote que oprima, humilhe e violente. Nenhuma opressão faz parte do mundo que queremos e pelo qual lutamos.
Estamos construindo desde o ano passado uma forte campanha de combate a violência contra a mulher e a luta contra o trote machista em todo o país faz parte dessa campanha.
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