Na semana em que estamos prestes a celebrar o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, também entram em vigor as Medidas Provisórias 664 e 665 do governo Dilma. A partir de agora, as mulheres que tiverem a tragédia de terem seus companheiros mortos e não tiverem ainda dois anos de casamento ou união estável, deixarão de ter o direito à pensão por morte. Também só poderão receber 50% do benefício, e a depender de sua idade, podem recebê-lo somente por 3 anos.
As mulheres representam 86,8% dos beneficiados pela pensão
por morte e consequentemente serão as mais prejudicadas com a restrição agora
imposta.Também serão as mulheres as mais prejudicadas com a
restrição do auxílio-reclusão, que terão as mesmas regras da pensão por morte.
Mulheres dos presos e suas famílias, que já carregam o sofrimento familiar de
ter um companheiro preso, com tudo que isto acarreta, como ter que viajar
longas distâncias para fazer visita e passar humilhações nas portas dos
presídios, agora vão ficar sem, ou terão reduzidos o valor do benefício, que
normalmente passa a ser a única fonte de renda dessas famílias.
Por estarem empregadas majoritariamente nos setores do
mercado de trabalho com alta rotatividade, como o setor do comércio e o de
serviços, as mulheres hoje representam 35% dos trabalhadores que dão entrada no
seguro desemprego. Geralmente estão empregadas em empresas terceirizadas em
serviços de limpeza, cozinha, telemarketing, ou seja, trabalhos com baixa
remuneração e alta exploração. Pois a partir hoje, uma mulher que conseguiu
permanecer em uma empresa de limpeza por 1 ano recebendo um salário mínimo, e
foi demitida, não poderá mais ter acesso ao seguro desemprego.
Direitos como o auxílio-doença também ficarão mais difíceis
de serem concedidos para as mulheres, uma vez que as perícias não serão mais
realizadas pelos peritos do INSS, mas pelos médicos das empresas. Muitas
doenças que atingem as mulheres como LER-DORT, depressão e fibromialgia,
consideradas “doenças invisíveis”, serão mais difíceis de serem diagnosticadas
pelos peritos a serviço dos patrões.
Há ainda direitos como o PIS, que também pela alta rotatividade
a que as mulheres estão expostas, ficarão mais restritos, pois serão
necessários no mínimo 6 meses de contribuição e não mais 1 mês como era até
agora.
Por trás dos números da quantidade de trabalhadoras que
serão atingidas com as Medidas Provisórias, é importante imaginarmos os
exemplos concretos de mulheres, na sua maioria negras, já empobrecidas pelo
sistema extremamente explorador e desigual, que ficarão mais vulneráveis a
todas as injustiças a que são submetidas pela exploração e opressão da sociedade
capitalista. Mulheres que já tem um histórico de desemprego crônico, porque são
as primeiras a serem demitidas quando as empresas fazem seus ajustes.
Pois são estas mulheres que o governo Dilma resolveu
penalizar, para sinalizar, ao capital e ao mercado financeiro, que está
disposto a cortar na carne de quem for, para ajustar a economia aos ditames
neoliberais. A pretensa economia que o governo vai fazer com a aplicação das
Medidas, em torno de R$18 bilhões, correspondem a 5 dias de pagamento da dívida
pública neste ano de 2015. Ou seja, para continuar e aprofundar a sangria de
recursos que vão para os bancos e os agiotas internacionais, o governo Dilma
vai cortar na carne dos trabalhadores, e em particular, das mulheres
trabalhadoras.
Neste mês de março, em que celebraremos o Dia Internacional
da Mulher Trabalhadora, deveremos lutar com todas as forças para derrubarmos as
Medidas Provisórias e não deixarmos que as MPs sejam aprovadas no Congresso
Nacional. Aliás, uma Câmara dos deputados presidida pelo ultraconservador
Eduardo Cunha, mas que já avisou que quer o máximo de urgência na aprovação do
ajuste fiscal do governo Dilma.
Para aplicar as MPs 664 e 665, governo e oposição, PT, PMDB
e PSDB estão juntos, pois as diferenças que existem entre eles acabam quando se
trata dos compromissos com os grandes bancos, latifundiários do agronegócio,
empreiteiras e grandes empresários. Apesar de Dilma ser mulher, ela está
mostrando que governa para os ricos e não para as mulheres trabalhadoras.
Por isso, nós, trabalhadoras, temos que participar da
construção de um campo de classe, um campo dos trabalhadores sem patrões como
alternativa de poder em nosso país, pois nem a direita reacionária e nem o
governo Dilma nos representam. Neste dia 06 de março, o Movimento Mulheres em
Luta estará participando das paralisações e do dia de luta chamado pela
CSP-Conlutas, assim como em todas as atividades do 08 de março, estaremos
levando a luta contra as Medidas que estão retirando os direitos das mulheres.
Texto de Silvia Ferraro, da Executiva Nacional
do Movimento Mulheres em Luta.
Texto de Silvia Ferraro, da Executiva Nacional
do Movimento Mulheres em Luta.
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